Os óleos rançosos vão alcatroando o passeio

 

Eu tenho visto numa rua da cidade da Amadora, ali à frente do decrépito Lido, um depósito de óleo rançoso que, solidariamente, reparte o lixo com as pedras da calçada do passeio. Hoje voltei a passar por aquela rua e a imundice continua lá.

Senhora presidente da Câmara Municipal da Amadora, Carla Maria Nunes Tavares, e senhor vereador, Eduardo Amadeu Silva Rosa, com as competências do Ambiente e Higiene Pública, olhem atentamente para as fotografias que aqui publico e digam-me se isto não é poluição.

Saibam que do outro lado do passeio, atrás deste depósito e desta calçada imundos, corre a ribeira de Carenque, que deve estar infiltrada das gorduras que, nas pedras, têm deixado uma espécie de alcatrão.

Ah! Sim, passam por ali alguns eleitores.

 

Glifosato pode continuar a matar as ervinhas dos passeios da minha cidade e as pessoas que fujam

INCAUTOS EM PORTUGAL

 

Se as ervinhas das frestas das pedras dos passeios das ruas da minha cidade julgavam que os deputados da República Portuguesa, eleitos no passado mês de outubro, iam votar a seu favor de modo a que só os sapatos de quem passa lhes quebrassem o ímpeto do crescimento, estavam enganadas as ervinhas.

Nas ruas da minha cidade, nos passeios, entre pedras e pedrinhas, nascem umas tristes ervas que não têm espaço para crescer e, se alguma se atreve a alastrar um pouco mais, os sapatos dos citadinos encarregam-se de lhes cortar as guias. Mesmo assim, todos os anos lá aparecem uns homens de máquinas às costas que as pulverizam e lhes tiram as fracas vidas sem dó nem piedade.

Se as ervinhas das frestas das pedras dos passeios das ruas da minha cidade julgavam que os deputados da República Portuguesa, eleitos no passado mês de outubro, iam votar a seu favor de modo a que só os sapatos de quem passa lhes quebrassem o ímpeto do crescimento, estavam enganadas as ervinhas.

Hoje, na Assembleia da República de Portugal, os deputados eleitos pelo PS, PSD, PCP e CDS, levantaram-se a favor do herbicida glifosato.

Há quem diga que pode ser cancerígeno, então as pessoas que fujam.

As ervinhas nos passeios
Imagem: Desobrigado

 

 

Despejam qualquer um!

Nas grandes cidades de Portugal alastra uma epidemia entre as pessoas mais velhas que as habitam. As pessoas mais velhas sofrem de mais uma doença. É uma enfermidade sem tratamento. Não há medicamentos inovadores que lhe façam frente. As pessoas têm ouvido falar em nova legislação que as protegerá. A doença vai alastrando e os doentes  sofrem em silêncio e vão desaparecendo. Vão-se afastando do centro da epidemia. Hoje ouvi uma pessoa contaminada. Aqui fica o seu queixume elegante e triste, mas sem choro. Ela falava com uma quase desconhecida, como se fosse com os seus botões. Vou citá-la de cor.

“Amanhã vou embora. Hoje bateram à minha porta dois jovens. Falavam em português de estrangeiros. Eles entraram. Foram ver a minha casa. A minha casa alugada que eles compraram. Disseram-me que vão fazer umas grandes obras. Eu esperava-os. A minha senhoria tinha-me avisado. Sempre vivi em casas minhas. Quando me divorciei fiquei com uma casa, mas, por coisas da vida, tive de a vender. Passei a alugar. Desde então, tenho vivido na zona de Belém. Ali tenho feito a minha vida. A igreja está ali ao lado. O meu dinheiro tem chegado para as despesas. Mas agora tenho de ir embora desta que é a minha terra desde muito jovem. Vou viver para longe. Aqui não há casa que eu possa pagar. Hoje estou aqui para me despedir. Vou embora. Não tenho casa onde viver”.

Gostava de poder reproduzir integralmente a conversa daquela senhora. E também gostava de reproduzir o tom da sua voz. Ela falava elegantemente sem tremores. Sem lágrimas. Ela falava como se estivesse a contar uma história ligeira que lhe tivesse acontecido há muito tempo. Não sei como se aguenta. Como consegue mostrar tranquilidade. Eu tenho o coração partido. Não sei o seu nome, mas conheço-a. Não posso escrever de onde porque ela tem direito à sua privacidade. É uma afronta!

Esta mulher foi apanhada pela epidemia da venda das casas, em Lisboa, por gente que nunca será velha e, também, nunca lhe faltará dinheiro. Isto é mesmo uma doença contagiosa que alastra e apanha os mais velhos, os mais frágeis, os mais necessitados.

cleardot

Tanta Lisboa…

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