Eles falavam mal do meu país e a minha raiva crescia, crescia

Palavras que mordem

Sentados à mesa do café, dentro de um centro comercial, em Lisboa, Portugal, com três chávenas de café vazias na mesa, sem máscaras, três brasileiros, dois homens e uma mulher, recriavam-se a falar mal do meu país. Eu ouvia-os e a minha raiva crescia.

Um dos homens, o que estava virado para mim monopolizava a conversa. Ele falava sobre a corrupção cá existente, enquanto os outros anuiam. Eu tive tanta vontade de me levantar e de lhes dizer que colocassem as máscaras, saíssem e fossem para bem longe, de preferência para fora do meu país. Não o fiz e estou mesmo arrependida.

Terminei o meu café, coloquei a máscara e ainda ouvi mais um pouco. Então percebi que eles estão cá porque, como dizia o speaker de serviço “a saúde e a segurança social são boas em Portugal”. Só faltou dizer, eu pelo menos não ouvi, que têm médico de família, coisa que não acontece comigo. E também não explicou como sabe que a Segurança Social é boa, possivelmente aproveita para receber uns subsídios sociais. 

O cretino falador acabou por dizer que isto aqui também era bom porque Espanha está logo ali e um pouco mais à frente está França, acrescentando que um dia destes foi de manhã em viagem a uma cidade italiana e ainda tinha voltado a tempo do jantar.

O meu país tem muitos defeitos. É verdade que a corrupção parece grassar como uma doença contagiosa, mas, que me desculpem os brasileiros amigos de Portugal, digam-me lá se o país daqueles homens e daquela mulher é o berço mundial dos santinhos e das pessoas honestas. Reparem que eu se estivesse acolhida no Brasil, nem isto diria. Porque vêm, então, para cá falar mal do meu país na minha cara? Ele é para mim como a minha família. Eu até posso não gostar de algumas atitudes, mas isso é comigo. Não venham pessoas de fora falar mal seja de quem for, porque eu isso não admito.

Imagem: Desobrigado

A corrupção era uma rede, agora já são redes. Ex-procuradora-geral da República em entrevista à RR

INCONGRUÊNCIAS

 

A anterior procuradora-geral da República deu uma entrevista e falou sobre corrupção.

Joana Marques Vidal deixou o cargo ainda há poucos meses. Correu pouco tempo. Agora, em entrevista à Rádio Renascença (RR)  fez uma declaração que me deixou perplexa.

A entrevistadora não reagiu. Não fez a próxima pergunta, no seguimento da afirmação da ex-procuradora-geral da República que disse que há uma rede de corrupção que aprisiona o Estado, acrescentando que já tinha dito isto quando era Procuradora. E disse mais: “Mantenho tudo o que disse nessa altura, gora só acrescento um s à palavra rede”.

Parece que a rede deu frutos e agora já não existe só uma. Cresceu. Então como foi possível? Se antes rede não tinha s, quando passou a ser plural? Então vai continuar a exercer as suas funções de procuradora e desmantelar as redes?  

 

Joana Marques Vidal
Imagem: DR

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