Faltou gente no debate. Não?

EM PORTUGAL

A RTP debateu ontem o futuro da Europa. Ora vejam quem compôs o painel e digam-me se a pluralidade política não encolheu.

Hoje ouvi a RTP dizer que foram pessoas que detiveram altos cargos na União Europeia. Não sei se estava a responder a algumas críticas.

A mim pareceu-me que o critério foi estabelecido e “serviu como uma luva” ao PSD e ao PS. O critério podia ter sido um pouco mais amplo. Ah sim já me esquecia que também pode ter sido por motivos de saúde pública, que tem hoje as “costas largas”.





“Vidas sem valor” – “Que gente é esta, que gente?”

PESSOAS

“Vidas sem valor” é um slogan, do Sindicato Nacional da Polícia (SNP), inscrito em outdoor colocado à beira de movimentada estrada de Portugal. 

Eu transitava na designada Segunda Circular, em dia de desvio de trânsito por causa das obras, que tardaram, nas faixas de rodagem, quando vi um cartaz ao longe e logo pensei: “que aproveitamento da imagem de profissionais a viver um momento de sofrimento e de tristeza”, mas ao aproximar-me verifiquei que estava enganada, a mensagem não era daquele partido que costuma gritar o seu apoio às forças de segurança. Estava assinada pelo SNP.

Quem diria que uma organização da classe seria capaz de expor, assim, a dor dos seus associados e escrever que as suas vidas não têm valor.

Ora vejam o que mostra o SNP. Um homem caído no chão (sem vida?) e outro de cócoras, ao seu lado, com as mãos na cabeça (rendido? Desesperado? Humilhado?). Os dois estão fardados. São elementos da Polícia. À direita, no cartaz, a frase, em letras garrafais: “vidas sem valor” e, em letras mais pequenas, algumas reivindicações. Triste a imagem e ainda mais triste a frase.

São os representantes da Polícia que expõem assim camaradas. Porque não escrevem, pelos menos, vidas com valor?

Assédio à Segurança Social

AS MINHAS INSTITUIÇÕES

Durante algum tempo pensei que o discurso da insustentabilidade da SS e o medo que ele produzia dava votos. Hoje vejo mais nítido. O medo pode gerar negócio e há pessoas que só pensam em dinheiro. Então que sejam claras, assumam o  populismo abertamente. Não se envergonhem.  Catastrofistas matreiros.

 

Antes de mais, quero relembrar as pessoas que a Segurança Social tem em pleno funcionamento o Regime Público de Capitalização, nos termos do Decreto-Lei n.o 26/2008, de 22 de fevereiro. Funciona como uma poupança para reforço da pensão. Alguém ouviu uma sugestão relativa a esta possibilidade? É individual. Cada um paga para si. 

 

A sustentabilidade da Segurança Social foi outra vez puxada para o debate político e os nervos das pessoas foram postos em franja. Não se vislumbra qualquer fundamento honesto para que isto aconteça. Mais uma vez ofereceram um estudo a quem, sempre que a oportunidade surge, amplifica as suas conclusões e amedronta as pessoas que recebem legalmente as pensões. Afligem, igualmente, quem está na vida ativa. São estes os principais alvos dos negociantes que assediam a Segurança Social (SS), com o objetivo de que um qualquer fundo privado de pensões receba uma parte das contribuições que são arrecadadas e geridas pela SS.

O dinheiro da maioria dos portugueses é curto, mesmo assim, há quem os queira a descontar para fundos privados de pensões. Se tal viesse a acontecer, claro que os apresentariam como sendo geridos por seres “competentes”, mas  não acrescentariam que as suas capacidades de gestão terminariam com um imprevisto que os fizesse percorrer um caminho para algum paraíso fiscal. Se falassem com as pessoas elas lhes diriam que o que têm é pouco e não podem, nem querem, arriscar. Até acrescentariam que têm inteligência e memória! Que ainda têm presentes os descalabros da última crise financeira. Toda a gente recorda. Daí os subterfúgios do discurso.

Com o que se sabe, para chegarem aos que julgam incautos, desrespeitam os pensionistas da SS e da Caixa Geral de Aposentações. Não é aceitável que estes sejam usados como peças que servem objetivos gananciosos. Deviam saber que os atuais pensionistas tiveram as maiores carreiras contributivas de sempre (40, 50 e mais anos) e, também, devem ter descontado sobre os melhores ordenados, em média, que o País pagou. É muito simples de fundamentar esta afirmação e quem duvide que consulte as estatísticas da SS.

Durante algum tempo pensei que o discurso da insustentabilidade da SS e o medo que ele produzia dava votos. Hoje vejo mais nítido. O medo pode gerar negócio e há pessoas que só pensam em dinheiro. Então que sejam claras, assumam o  populismo abertamente. Não se envergonhem, porque é isso que querem, catastrofistas matreiros.

Saibam que quem trabalha hoje paga as pensões de quem ontem trabalhou. É mesmo isso. Assim está inscrito no regime da SS. Saibam, também, que não podem atirar isso à cara dos atuais pensionistas, porque eles já pagaram. Mas, sempre que podem, aproveitam para dizer a quem trabalha que não terá pensões no futuro.

Não é verdade. Os ativos pagam para os pensionistas. Mas deixem-me reforçar esta ideia: os pensionistas de hoje, durante 40, 50 e mais anos, pagaram as pensões de quem adquiriu direitos com o regime democrático. Algumas das pessoas, que passaram a receber pensões com o 25 de Abril, trabalharam a vida inteira por conta de outrem, não havendo quem obrigasse os empregadores a pagar contribuições. Claro que tinham direito a viver dignamente e fizerem bem pagar-lhes. Mas também existiram outras que nunca trabalharam e tiveram direito aos mesmos benefícios. Aproveitaram o que o regime democrático trouxe de bom e lá foram requerer as pensões de trabalhadoras do serviço doméstico (leia-se mulheres a dias), só para exemplificar. Não houve avenidas de Roma por todo o País que não aproveitassem as benesses (algumas pessoas pagaram tuta e meia e outras nada). Creio que quem está hoje em constante campanha contra os pensionistas atuais deve conhecer casos destes. Muitos até terão gente muito próxima que ainda aproveita estas pensões.

Fundos em queda
Imagem: Pixabay

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