O MEU ÂNGULO
Vota contra, abstém-se, vota a favor. Nestas coisas do Orçamento de Estado (OE) para 2020, o Bloco de Esquerda (BE) deixou-se ultrapassar duas vezes pela esquerda.
Legal, como devem ser efetuadas as ultrapassagens, pela esquerda. Por vezes, o transitar pela direita a muito baixa velocidade pode ser contraproducente. De um momento para o outro pode cansar-se e criar um perigo para si próprio.
Aconteceu assim esta coisa ao BE, em sede de pré-negociação, quando julgava que os seus votos seriam essenciais para o OE ser aprovado na Assembleia da República (AR), contando que o Partido Comunista Português (PCP) votaria contra, porque a abstenção não está no ADN do PCP, os comunistas anunciaram a abstenção. A primeira ultrapassagem ao BE estava consumada.
Entretanto o partido Pessoas Animais e Natureza também anunciou a abstenção, mas os votos ainda não chegavam.
Aconteceram, então, mais reuniões BE/Governo. O Bloco continuava sobre pressão. Não podia deixar a aprovação do OE a cargo do Partido Social Democrata da Madeira. Então conseguiu mais alguns pontos e lá anunciou, hoje, à última hora, a abstenção. Logo a seguir, o Partido Ecologista, os Verdes, declarou que também se abstinha, quando o BE imaginava que ia votar contra. Estava consumada a segunda ultrapassagem.