Assédio à Segurança Social

AS MINHAS INSTITUIÇÕES

Durante algum tempo pensei que o discurso da insustentabilidade da SS e o medo que ele produzia dava votos. Hoje vejo mais nítido. O medo pode gerar negócio e há pessoas que só pensam em dinheiro. Então que sejam claras, assumam o  populismo abertamente. Não se envergonhem.  Catastrofistas matreiros.

 

Antes de mais, quero relembrar as pessoas que a Segurança Social tem em pleno funcionamento o Regime Público de Capitalização, nos termos do Decreto-Lei n.o 26/2008, de 22 de fevereiro. Funciona como uma poupança para reforço da pensão. Alguém ouviu uma sugestão relativa a esta possibilidade? É individual. Cada um paga para si. 

 

A sustentabilidade da Segurança Social foi outra vez puxada para o debate político e os nervos das pessoas foram postos em franja. Não se vislumbra qualquer fundamento honesto para que isto aconteça. Mais uma vez ofereceram um estudo a quem, sempre que a oportunidade surge, amplifica as suas conclusões e amedronta as pessoas que recebem legalmente as pensões. Afligem, igualmente, quem está na vida ativa. São estes os principais alvos dos negociantes que assediam a Segurança Social (SS), com o objetivo de que um qualquer fundo privado de pensões receba uma parte das contribuições que são arrecadadas e geridas pela SS.

O dinheiro da maioria dos portugueses é curto, mesmo assim, há quem os queira a descontar para fundos privados de pensões. Se tal viesse a acontecer, claro que os apresentariam como sendo geridos por seres “competentes”, mas  não acrescentariam que as suas capacidades de gestão terminariam com um imprevisto que os fizesse percorrer um caminho para algum paraíso fiscal. Se falassem com as pessoas elas lhes diriam que o que têm é pouco e não podem, nem querem, arriscar. Até acrescentariam que têm inteligência e memória! Que ainda têm presentes os descalabros da última crise financeira. Toda a gente recorda. Daí os subterfúgios do discurso.

Com o que se sabe, para chegarem aos que julgam incautos, desrespeitam os pensionistas da SS e da Caixa Geral de Aposentações. Não é aceitável que estes sejam usados como peças que servem objetivos gananciosos. Deviam saber que os atuais pensionistas tiveram as maiores carreiras contributivas de sempre (40, 50 e mais anos) e, também, devem ter descontado sobre os melhores ordenados, em média, que o País pagou. É muito simples de fundamentar esta afirmação e quem duvide que consulte as estatísticas da SS.

Durante algum tempo pensei que o discurso da insustentabilidade da SS e o medo que ele produzia dava votos. Hoje vejo mais nítido. O medo pode gerar negócio e há pessoas que só pensam em dinheiro. Então que sejam claras, assumam o  populismo abertamente. Não se envergonhem, porque é isso que querem, catastrofistas matreiros.

Saibam que quem trabalha hoje paga as pensões de quem ontem trabalhou. É mesmo isso. Assim está inscrito no regime da SS. Saibam, também, que não podem atirar isso à cara dos atuais pensionistas, porque eles já pagaram. Mas, sempre que podem, aproveitam para dizer a quem trabalha que não terá pensões no futuro.

Não é verdade. Os ativos pagam para os pensionistas. Mas deixem-me reforçar esta ideia: os pensionistas de hoje, durante 40, 50 e mais anos, pagaram as pensões de quem adquiriu direitos com o regime democrático. Algumas das pessoas, que passaram a receber pensões com o 25 de Abril, trabalharam a vida inteira por conta de outrem, não havendo quem obrigasse os empregadores a pagar contribuições. Claro que tinham direito a viver dignamente e fizerem bem pagar-lhes. Mas também existiram outras que nunca trabalharam e tiveram direito aos mesmos benefícios. Aproveitaram o que o regime democrático trouxe de bom e lá foram requerer as pensões de trabalhadoras do serviço doméstico (leia-se mulheres a dias), só para exemplificar. Não houve avenidas de Roma por todo o País que não aproveitassem as benesses (algumas pessoas pagaram tuta e meia e outras nada). Creio que quem está hoje em constante campanha contra os pensionistas atuais deve conhecer casos destes. Muitos até terão gente muito próxima que ainda aproveita estas pensões.

Fundos em queda
Imagem: Pixabay

INE – porque não vão lá?

Hoje é um daqueles dias em que os órgãos de comunicação social mais se repetem na informação e mais repetem a informação que já transmitiram no dia anterior e nos dias que o precederam. Porque será que não procuram informação útil e necessária às suas audiências? Mesmo que algumas dessas audiências não sintam essa necessidade.

Porque não experimentam chegar ao Instituto Nacional de Estatística, IP (INE)?

“O Instituto Nacional de Estatística, IP (INE) tem como missão produzir e divulgar informação estatística oficial de qualidade, promovendo a coordenação, o desenvolvimento e a divulgação da atividade estatística nacional” (transcrição da página da Internet, no separador O INE).

O que é dado a conhecer às pessoas, do manancial de informação que está disponível na página da Internet do INE, para as pessoas puderem formar e solidificar a sua opinião sobre os acontecimentos importantes da vida do país e não só? O crescimento económico (que rende grandes tratados expositivos a comentadores). O turismo. A taxa de desemprego. As exportações. Importações (nem se dá por isso). A dívida pública e pouco mais.

O INE tem tanta informação para ser noticiada. Não acreditam? Experimentem entrar no site, em: http://www.ine.pt e a “porta” fica quase toda aberta. Se as opções que dali se vislumbram não forem suficientes podem, sempre, “empurrar” mais um pouco e descobrem mais um mundo de informação.

Temos tantos canais de televisão, tantas rádios, tantos jornais e revistas em papel e on-line e, se repararem bem, estão todos a publicar as mesmas informações, ao mesmo tempo. São as regras do mercado? Não me parece. Isto deve ser caraterizado de outra forma. Então as pessoas fogem para as redes sociais. Pelo menos lá existe diversidade.

Então voltemos ao INE. Só como exemplo digo-vos que tem duas publicações mensais muito interessantes: o Boletim Mensal da Agricultura e Pescas e o Boletim Mensal Estatístico. Cliquem em publicações. Percorram os documentos. Vejam como têm tanta informação interessante. Vejam como têm tanta informação que podia ser um pouco mais descodificada e dada a conhecer às pessoas. Para que as opiniões publicada e publica fossem mais qualificadas.

Ora veja o que o INE diz sobre informação: “A informação é um produto fundamental no exercício da cidadania, na atividade das empresas, no funcionamento dos Estados. A informação estatística, em especial, é hoje uma forma de conhecimento necessária à assunção de uma cidadania plena, imprescindível na tomada das decisões que fazem surgir e progredir as empresas, essencial ao enquadramento das políticas com que se governam as nações” (transcrição da página da Internet, no separador O INE).

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Foto: Instituto Nacional de Estatística

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