Sofrer com as dores do PS

Nos debates na Assembleia da República tenho esperado que António Costa, do alto da sua maioria absoluta, fale à oposição assim: “isto aqui é como nas provas europeias de futebol, onde todos jogam, mas no fim ganha o PS, perdão, ganha a Alemanha”.

Vou direta ao debate do Orçamento Geral do Estado, para o ano de 2023, na Assembleia da República, que, mais uma vez, me causou um certo mal-estar e nem consigo discernir o seu fundamento. A verdade é que não gosto dos ataques da oposição ao PS, principalmente a António Costa. Não sei porque sofro com as suas dores, pois ainda falta uma vez para a primeira para eu votar no seu partido, mas com os tempos que correm, com as posições políticas da minha área de interesse, quem sabe o que pode vir a acontecer, embora seja difícil, se não impossível, atraiçoar-me a mim mesma. Hoje o que é certo é que não aprecio mesmo nada as intervenções da direita e da extrema direita. Se pensar bem, se apelar às minhas memórias mais ou menos recentes, encontro os motivos do meu desagrado.

Não foi assim há tanto tempo, aconteceu nos anos de 2011 a 2015, governavam, então, o PSD e o CDS, houve a crise económica mundial, é verdade, vieram instituições estrangeiras mandar no país e no governo de Portugal, mas todos juntos e de acordo atiraram a crise toda para cima das pessoas.

Agora começo a perceber porque me incomodam tanto as dores do PS. Comparo a situação atual de Portugal com a que o país viveu naqueles anos não muito distantes e não gosto do que vejo lá atrás. Encontro muitas diferenças. Como é o caso da conversa à volta das pensões. A oposição fala de cortes, mas não se pode considerar assim. Honestamente não se lhe pode chamar cortes, pois uma coisa é não dar tudo aquilo que está previsto, não cumprindo a legislação em vigor, é certo, mas a situação impensável é cortar nos valores que estão a ser pagos, isso sim chama-se cortar. Foi isso que fez o governo PSD/CDS.

É certo que os pensionistas e os reformados, em 2023, não vão usufruir do aumento como está previsto na Lei, que devia ser igual ao valor da inflação verificado este ano. Estas pessoas já tiveram um complemento por conta do que deveriam começar a receber em 2023 se lhes atribuíssem o aumento previsto na legislação em vigor. Embora este montante não conte para aumentar o valor das pensões, mesmo assim, houve gente feliz e eu sou testemunha. No ano de 2023 o aumento será da ordem dos 4%. Então o valor da pensão passará a ser o atual acrescido da percentagem do aumento. Reitero que o Governo não vai cortar no valor das pensões isso foi o que fizeram o PSD e o CDS. O Governo não vai aumentar o que devia.

Naquele tempo, cortaram no valor das pensões e no valor das reformas, cortaram subsídios de Natal, não pagaram sequer subsídios de férias, cortaram no valor das prestações sociais, cortaram no valor dos salários. Cortaram e cortaram. Não fizeram nada a favor das famílias que perderam as suas casas para os bancos. Não fizeram nada a favor de quem deixou de poder pagar as rendas de casa. Em suma, não fizeram nada que ajudasse a tirar a carga das costas das pessoas. Para cúmulo, aconselharam os desempregados a emigrar e ainda declararam que Portugal tinha de empobrecer.

Foi então que os mais velhos, os reformados e os pensionistas, que mesmo sofrendo cortes a torto e a direito nos seus rendimentos, chamaram os filhos e os netos de regresso a casa, se assim não tivesse sido o sofrimento teria sido ainda maior. Já agora confirma-se. É por isto que sofro com as dores dos PS.

Quero ainda aqui dizer que aos pensionistas e aos reformados valeu-lhes, naqueles anos maus, o Tribunal Constitucional, que repôs alguma justiça declarando inconstitucionais muitos dos cortes efetuados pelo governo PSD/CDS nas pensões, nas reformas e nos subsídios de férias e de Natal.

Imagem: Desobrigado.com (fotografia captada da TV)

Menos restrições, mais mortes e as vacinas ali tão perto

A celebração do Natal, em família mais alargada, deu nisto, quando devíamos ser pacientes e muito cuidadosos nas nossas vidas diárias. É mesmo “morrer na praia”.

Nesta vaga, Portugal está à frente de muitos países europeus nos números de contagiados e de mortes por Covid-19. Olhemos para Espanha, para França, para Itália, para a Alemanha, para o Reino Unido e vejamos os milhões de habitantes e os números dos infetados e dos mortos. Se fizermos as devidas proporções concluiremos que os nossos números são maiores, francamente maiores. 

Já era sabido que o SarsCov2 aproveitava todas as aberturas às restrições de contatos para infetar as pessoas, mas os governantes tinham de dar o seu ar de bonzinhos. Deixaram celebrar o Natal em família mais alargada. Recomendaram que se ingerissem as refeições rapidamente longe uns dos outros e se colocassem as máscaras como se fossemos robôs.

Tanta generosidade deu nisto: mais infeções, mais doentes, mais internados, mais mortos e as vacinas ali tão perto. 

Ajundando a manter a fé nos portugueses

ENSINAMENTOS

O Natal está mesmo a bater à porta, mas eu vou dizer-lhe que tenho muita pena de este ano não o receber cá em casa. Peço-lhe que apareça lá para dezembro de 2021, se o SarsCov2 tiver sido derrotado. 

O vírus até parece saber que as empresas farmacêuticas estão a ser ágeis na criação das vacinas e que rapidamente as autoridades competentes estão a aprovar os medicamentos. Enquanto isso acontece, ele está a mutar-se e a capacitar-se para contagiar mais rapidamente. O Reino Unido já identificou uma mutação 70% mais contagiosa. Muitos outros países já estão a dificultar a entrada de cidadãos de lá regressados, mas, alguns deles, já admitiram que a alteração pode já circular entre as suas populações.

Portugal, como não podia deixar de ser, só deixa entrar portugueses ou cidadãos britânicos cá residentes e se tiverem testes de despistagem da Covid-19 negativos. No entanto, quem está em Portugal, neste Natal, pode deslocar-se por todo o país. As autoridades só apelam à boa consciência das pessoas. As restrições retornarão na passagem de ano.

Os governantes não querem obrigar os portugueses a afastarem-se uns dos outros no Natal. Eu não concordo. É verdade que todos parecemos ser especialistas em saúde pública. Eu também já vou sabendo mais um pouco sobre este novo Coronavírus e quando ouço os cientistas estou sempre muito atenta. Foi assim que ouvi, um dia destes, Henrique Oliveira, matemático e professor no Instituto Superior Técnico, dizer (na SIC notícias) que, se festejarmos o Natal, como as autoridades políticas permitem, vamos ter mais de 800 a 1500 mortos (além daqueles que aconteceriam se não houvesse medidas menos restritivas) tendo acrescentado que as projeções que tem feito, sobre a pandemia, têm estado sempre certas. Ouvindo isto, podíamos meter o travão ou até a marcha atrás, mas não, vamos arriscar, tendo fé de que as pessoas, não estando proibidas, cumprirão todas as regras de segurança que lhes são aconselhadas. 

O Natal está mesmo a bater à porta, mas eu vou dizer-lhe que tenho muita pena de este ano não o receber cá em casa. Peço-lhe que apareça lá para dezembro de 2021, se o SarsCov2 tiver sido derrotado. Eu costumo celebrá-lo com, pelo menos, mais vinte pessoas, este ano vou fazer de conta que estou feliz.

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