A oposição a falar sozinha no Parlamento

Não houve qualquer reação. Esta nem reparou que estava a falar sozinha.

O Partido Social Democrata agendou um debate de urgência no Parlamento, para questionar o Governo sobre a mais recente crise. A urgência era tanta que as bancadas do Governo e do Partido Socialista (PS) falaram, falaram e rapidamente esgotaram o tempo de que dispunham.

Não sei se o fizeram propositadamente, porque queriam ir à tomada de posse dos novos membros do Governo e precisavam de despachar aquilo rapidamente ou se foi mesmo incompetência.

Quem assistiu talvez concorde comigo, aquilo não foi um debate, foi um simulacro. Os deputados da oposição, a maior parte do tempo de que dispunham, levantaram questões e não obtiveram respostas. O Governo e o PS já não tinham tempo.

Não houve qualquer reação por parte da oposição, esta nem reparou que estava a falar sozinha.

Imagem: LUSA

Sofrer com as dores do PS

Nos debates na Assembleia da República tenho esperado que António Costa, do alto da sua maioria absoluta, fale à oposição assim: “isto aqui é como nas provas europeias de futebol, onde todos jogam, mas no fim ganha o PS, perdão, ganha a Alemanha”.

Vou direta ao debate do Orçamento Geral do Estado, para o ano de 2023, na Assembleia da República, que, mais uma vez, me causou um certo mal-estar e nem consigo discernir o seu fundamento. A verdade é que não gosto dos ataques da oposição ao PS, principalmente a António Costa. Não sei porque sofro com as suas dores, pois ainda falta uma vez para a primeira para eu votar no seu partido, mas com os tempos que correm, com as posições políticas da minha área de interesse, quem sabe o que pode vir a acontecer, embora seja difícil, se não impossível, atraiçoar-me a mim mesma. Hoje o que é certo é que não aprecio mesmo nada as intervenções da direita e da extrema direita. Se pensar bem, se apelar às minhas memórias mais ou menos recentes, encontro os motivos do meu desagrado.

Não foi assim há tanto tempo, aconteceu nos anos de 2011 a 2015, governavam, então, o PSD e o CDS, houve a crise económica mundial, é verdade, vieram instituições estrangeiras mandar no país e no governo de Portugal, mas todos juntos e de acordo atiraram a crise toda para cima das pessoas.

Agora começo a perceber porque me incomodam tanto as dores do PS. Comparo a situação atual de Portugal com a que o país viveu naqueles anos não muito distantes e não gosto do que vejo lá atrás. Encontro muitas diferenças. Como é o caso da conversa à volta das pensões. A oposição fala de cortes, mas não se pode considerar assim. Honestamente não se lhe pode chamar cortes, pois uma coisa é não dar tudo aquilo que está previsto, não cumprindo a legislação em vigor, é certo, mas a situação impensável é cortar nos valores que estão a ser pagos, isso sim chama-se cortar. Foi isso que fez o governo PSD/CDS.

É certo que os pensionistas e os reformados, em 2023, não vão usufruir do aumento como está previsto na Lei, que devia ser igual ao valor da inflação verificado este ano. Estas pessoas já tiveram um complemento por conta do que deveriam começar a receber em 2023 se lhes atribuíssem o aumento previsto na legislação em vigor. Embora este montante não conte para aumentar o valor das pensões, mesmo assim, houve gente feliz e eu sou testemunha. No ano de 2023 o aumento será da ordem dos 4%. Então o valor da pensão passará a ser o atual acrescido da percentagem do aumento. Reitero que o Governo não vai cortar no valor das pensões isso foi o que fizeram o PSD e o CDS. O Governo não vai aumentar o que devia.

Naquele tempo, cortaram no valor das pensões e no valor das reformas, cortaram subsídios de Natal, não pagaram sequer subsídios de férias, cortaram no valor das prestações sociais, cortaram no valor dos salários. Cortaram e cortaram. Não fizeram nada a favor das famílias que perderam as suas casas para os bancos. Não fizeram nada a favor de quem deixou de poder pagar as rendas de casa. Em suma, não fizeram nada que ajudasse a tirar a carga das costas das pessoas. Para cúmulo, aconselharam os desempregados a emigrar e ainda declararam que Portugal tinha de empobrecer.

Foi então que os mais velhos, os reformados e os pensionistas, que mesmo sofrendo cortes a torto e a direito nos seus rendimentos, chamaram os filhos e os netos de regresso a casa, se assim não tivesse sido o sofrimento teria sido ainda maior. Já agora confirma-se. É por isto que sofro com as dores dos PS.

Quero ainda aqui dizer que aos pensionistas e aos reformados valeu-lhes, naqueles anos maus, o Tribunal Constitucional, que repôs alguma justiça declarando inconstitucionais muitos dos cortes efetuados pelo governo PSD/CDS nas pensões, nas reformas e nos subsídios de férias e de Natal.

Imagem: Desobrigado.com (fotografia captada da TV)

Há discurso novo

O novo líder do Partido Social Democrata (PSD) apareceu na TV e fez uma declaração bombástica. Disse ele, mais ou menos isto: “O Governo de António Costa, ainda com tão poucos meses, está desgastado”.

Luís Montenegro retomou o discurso de Rui Rio durante a última campanha eleitoral. Lembram-se de o vermos percorrer as ruas e as estradas do país gritando que António Costa estava tão cansado, tão desgastado que, coitado, não podia ir longe.

Todos sabemos o resultado que o PSD obteve, menos o atual líder do partido.  Então temos de lhe dizer que foi assim: PS = 41,37%; PSD = 27,67% (eleição legislativa 2022, fonte: CNE). Gosta? Então insista.

A imagem que se segue não completa o texto ela é por si só uma notícia, um ruído, uma demonstração de insensibilidade. Olhem para ela e vejam se descobrem a mensagem. Dou uma ajuda dizendo que se trata da diretora adjunta da FAO, que é a Agência das Nações Unidas para erradicar a fome no Mundo. A fotografada dava uma entrevista à RTP no âmbito do seu cargo, enquanto decorria a Cimeira dos Oceanos, em Lisboa.

Imagem: Desobrigado.com (captada da TV)

Patinhos ao engodo?

No noticiário de domingo, entre ao 21 horas e às 21,30, na RTP3, houve aquilo a que eu designo de tempo de antena de cinco minutos oferecido a um partido político.

A propósito de mais uma invenção do Chega a RTP3 pediu um comentário ao diretor do jornal Público. Não recordo nada do que foi dito pelo jornalista. Só estive a ver o que, possivelmente, queriam que eu visse.

Há uns senhores que inventam assuntos mais ou menos quentes e as televisões lá vão ver se não perdem a caixa. Possivelmente nem foi esse o caso, talvez eu até esteja enganada neste ponto.

Já agora sempre vos digo qual é a história dos “meninos”. Como se sabe, o presidente do Partido Social Democrata (PSD) acaba de ser eleito. Ainda vai haver um congresso e, depois, o novo dirigente tomará posse. Mas, os inventores de factos já o desafiam para um encontro das direitas e das extremas direitas e a RTP3 já foi ouvir um comentador. Pasme-se que a tal conferência terá lugar lá para o mês de julho.

Creio que não perceberam o que me deixou perplexa naquela peça “informativa” da RTP3, têm razão para isso, porque não expliquei claramente, então vejam: enquanto o comentador fazia a sua interpretação sobre a proposta feita ao PSD, que já descrevi, o ecrã da tv estava dividido em duas partes. Do lado direito do ecrã estava o comentador (vá lá, deram-lhe o lado onde a nossa atenção mais tempo se concentra) e, na outra metade, passaram imagens de toda a gente do Chega durante o tempo em que decorreu a conversa. Foram mais de cinco minutos, onde o jornalista aparecia naquela parte do ecrã para fazer uma ou duas perguntazinhas ao comentador e rapidamente voltavam as imagens do Chega. Francamente, RTP.

https://www.rtp.pt/play/p9723/e620279/360-o- (se vos apetecer conferir, cliquem aqui, podem ir diretos aos 17 minutos do programa 360, de 29 de Maio de 2022).

Raposas a guardar o galinheiro, não

Portugal

Hoje senti um friozinho nas costas quando ouvi, na radio Antena Um, entre as 10 e as 11 horas, o secretário-geral do Partido Social Democrata (PSD), José Silvano, dizer que Portugal precisa de mais produção e de menos distribuição. A jornalista não pediu descodificação da mensagem e devia tê-lo feito, para esclarecer os ouvintes.

Assim, temos de estar atentos às palavras dos responsáveis políticos, mesmo que eles sejam figuras de segundo plano dos partidos. Estamos agora a tempo de fazer as escolhas políticos. O dia 30 de janeiro de 2022 é já no próximo domingo.

O PSD ofende-se quando alguém lhe recorda que cortou a direito nos rendimentos de trabalho e nas pensões dos portugueses, diz que isso foi lá atrás. E não vai repetir na próxima crise? Então o que quer dizer com menos distribuição? os portugueses têm o direito e o dever de estar atentos.

Pelo sim pelo não é melhor não colocar a raposa a guardar o galinheiro.

Ignorando ou confundindo os eleitores?

PORTUGAL

O desconhecimento das regras da democracia continua na praça pública.

Compreendo o que sentem os médicos de Saúde Pública quando se mostram descontentes com a recomendação para que os confinados, infetados pelo SarsCov2 e os seus contatos, possam exercer o seu direito de voto no próximo dia 30, quando eles cumprem as normas da República e mandam aquelas pessoas para confinamento. Dizem que vão perder autoridade. Devem ter razão. Já o alarido de alguns políticos soa, no mínimo, a falta de informação.

Ora veja-se o PSD, o PAN e o CHEGA, pelo menos estes três partidos, que pedem o desdobramento das mesas de voto, para que os eleitores em confinamento não se cruzem com os restantes cidadãos. Assim, para eles, o problema estava resolvido. Mas como? se os cadernos eleitorais não são desmaterializados. Estão em suporte de papel e foram fechados em tempo oportuno para a organização do ato eleitoral.

Mesmo que o fecho acontecesse mais tarde não resolvia o problema, porque é impossível prever quem vai estar confinado no dia das eleições. Não era possível fazer cadernos eleitorais só para cidadãos em confinamento.

Claro que tecnicamente os cadernos eleitorais podiam ser duplicados, o que seria necessário para pôr em prática a solução “aventada”. Mas quem advoga o “desdobramento” das mesas de voto pode garantir que não havia duplicação de votos? Não se correria o risco de ter resultados fraudulentos pela primeira vez no Portugal democrático? Pelo sim pelo não deixe-se cumprir a Lei Eleitoral.

Estão a ver porque não se podem desdobrar as mesas eleitorais? Sabem? Então se sabem porque fazem tanto alarido? Porque azucrinam os ouvidos dos portugueses? Querem uma abstenção ainda maior? Fizeram as contas e gostaram dos resultados? Alguns até podem ter razão.

Os políticos, que agora mostram como sabem tão pouco sobre as normas eleitorais, até se esquecem que são deputados da República e, portanto, a alteração à Lei Eleitoral estive ao seu alcance e não consta que tenham feito qualquer proposta nesse sentido.

Assim, o desconhecimento das regras da democracia continua na praça pública, lançando dúvidas se a cegueira pelo voto pode ser responsável por confundir os eleitores.

(parlamento.pt/Legislacao/Documents/Legislacao_Anotada/LeiEleitoralAR_Anotada.pdf) Aceda aqui à Lei Eleitoral.

Um partido político à moda do antigamente

O PSD faz jus aquela máxima que diz que “vale tudo menos tirar olhos”. Só que neste caso nem sei se os olhos estão a salvo.

Parece-me que o PSD anda a imitar a extrema direita. Então digam-me, para que querem os extremistas a imitação se têm o original? Ou estarei enganada? Estará o PSD a fazer de si mesmo já que tudo serve aos seus homens do Seixal. 

Eles canibalizaram o êxito de Pedro Pichardo nos jogos Olímpicos e fizeram uns cartazes vergonhosos de anticomunismo serôdio. Ele até os pode ter autorizado, mas saberá português de modo a compreender que está a ajudar a ofender uma parcela significativa dos portugueses. 

Escrevem coisas como estas em cartazes de campanha para as eleições autárquicas 2021: “fuja do comunismo e tenha uma vida de ouro; só mesmo os comunistas podem fumar charutos”, isto e muito mais. O PSD julga que assim vai ganhar as eleições no próximo dia 26 de setembro no Seixal. Este partido obteve, em 2017, 11,84% dos votos. Agora faz jus àquela máxima que diz que “vale tudo menos tirar olhos”. Neste caso nem sei se os olhos estão a salvo. 

Os portugueses devem estar recordados da “vida de ouro” que sempre lhes foi concedida quando o PSD foi governo em Portugal. De certeza que muitas pessoas viram aqueles tristes cartazes, como eu, no Facebook. Não sei se os penduraram pela cidade.

Julgam que assim ganham a câmara? Ainda não viram que o original sabe fazer este tipo de intervenção muito melhor? Então aguardem que a resposta não tarda.

Imagem: Jornal de Abrantes

Faltou gente no debate. Não?

EM PORTUGAL

A RTP debateu ontem o futuro da Europa. Ora vejam quem compôs o painel e digam-me se a pluralidade política não encolheu.

Hoje ouvi a RTP dizer que foram pessoas que detiveram altos cargos na União Europeia. Não sei se estava a responder a algumas críticas.

A mim pareceu-me que o critério foi estabelecido e “serviu como uma luva” ao PSD e ao PS. O critério podia ter sido um pouco mais amplo. Ah sim já me esquecia que também pode ter sido por motivos de saúde pública, que tem hoje as “costas largas”.





Em 74 candidatos há seis mulheres

Pontos de vista

Começam a ser feitas assim as listas do PSD às eleições autárquicas. 

Rui Rio leu hoje em Coimbra os nomes de cinco mulheres que serão candidatas à liderança de câmaras municipais. Entre 51 candidatos 10% são mulheres. Quando um jornalista lhe perguntou sobre o reduzido número de mulheres, Rio respondeu (cito de memória) que é muito difícil encontrar mulheres. Ele devia querer dizer mulheres competentes para cargos de topo, porque homens, tudo leva a crer, há por aí aos molhos e não lhes faltam competências, já elas têm de ser bem esmiuçadas para serem aceites. 

Depois de ver a conferência de imprensa, lembrei-me que já tinha ouvido noticiar outras candidaturas. Então fui confirmar na página da Internet do PSD e lá estava: A Comissão Política do PSD tinha homologado 23 candidaturas. Pesquisei aquela lista e saibam que entre 22 homens está uma mulher, o que equivale a 4 %.

Claro que o PSD vai dizer que a Lei da Paridade não se aplica aqui. Contará cumpri-la na ordenação das listas?

Margarida Ferro, gostava que me respondesse, gostou da homenagem?  (congresso do PSD)

ERRÂNCIAS

 

Esta tarde, por volta das 16,30, liguei a TV quando discursava, no congresso do PSD, Nuno Morais Sarmento, estava no ponto onde devia elogiar algumas mulheres. Da forma como iniciava esta parte do discurso julguei que ele se referia às mulheres que trabalham nos bastidores, às funcionárias do partido, que também merecem ser homenageadas.

No início pensei, bonito, parece ser a primeira vez que alguém num congresso partidário faz este agradecimento, mas rapidamente a surpresa agradável se transformou em constrangimento. Só quem viu pode compreender, mas vou tentar mostrar o que senti e porque aquele agradecimento se transformou, a meu ver, em algo confrangedor.

Ora vejam lá o que eu vi e ouvi. Dizia ele (estou a citar de cor): quero aqui homenagear as mulheres do partido, aquelas que estão lá sempre para nos apoiar. Também as muitas que já não estão e porque os rostos têm nomes, quero chamar aqui a Margarida Ferro. Então a Margarida levantou-se, o congresso aplaudiu, e ela dirigiu-se para a zona do púlpito e ali ficou dois passos atrás de Morais Sarmento. Quando eu esperava e, possivelmente, a Margarida também, que ele a chamasse para junto de si no palco, mas isso não aconteceu. Deixou-a ali parada àquela distância dele, julgo que nem para trás olhou. Continuou o discurso mudando de assunto e ela ali ficou perdida, recebeu algumas palmas mais e afastou-se.

Quero perguntar à Margarida Ferro se gostou daquela homenagem.

 

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