Delta alastra e Alemanha alivia

Ora aí está a noticia. A variante Delta  do SarsCov2 começa a alastrar na Alemanha. Agora este país pondera aliviar as regras apertadas em relação a Portugal. O que quer dizer que está disponível para nos oferecer mais contágios.

Veja mais informações aqui: https://www.lusa.pt/international/article/2021-07-01/33827171/covid-19-berlim-admite-rever-posição-sobre-portugal-face-progressão-da-variante-delta-na-alemanha

Queria votar? Tivesse ficado doente antes de 14 de janeiro

Só de 15 a 19 de janeiro podem ficar perdidos uns 448930 votos. Vejam os números diários: 15 de janeiro, 10698; 16 de janeiro, 10663; 17 de janeiro, 10385; 18 de janeiro, 6702; 19 de janeiro, 10445.  Só nestes cinco dias (de 15 a 19) ficaram infetadas 48893 pessoas. Se atribuirmos a cada uma destas pessoas dez contactos de risco, que tiveram de ficar em isolamento profilático, são 488930 votos que são perdidos. Depois somem todos os outros de 20 a 23 de janeiro e vão ver a enormidade dos números.

Ela teve dois azares juntos, fez um teste à Covid-19 que deu positivo e isso aconteceu depois do dia 14 de janeiro. Ela queria votar e devia poder exercer esse seu direito de cidadania, mas o infortúnio bateu-lhe à porta. Um breve descuido e infetou-se.

Ficou triste. Sentiu-se injustiçada. Ela não descura o usa da máscara, mantém o distanciamento entre as pessoas tal como é recomendado pelas autoridades de saúde, não almoça com os amigos, tem estado afastada dos familiares que estão fora da sua bolha. Tem feito tudo certinho na sua vida privada e no emprego. Ah, mas uma amiga vai ser mamã e ela baixou a guarda. Agora esta assintomática. Está confinada e isolada como não pode deixar de ser. 

Assimilado o impacto da notícia, assaltou-a outra preocupação. No próximo dia 24 há eleição para o próximo Presidente da República. “Como vou fazer para exercer esse meu direito, que não quero deixar para decisão de terceiros?”, pensou ela.

Ligou o correio eletrónico e “pôs mãos à obra”. Enviou e-mails para diversas entidades, nomeadamente para a Comissão Nacional de Eleições, que prontamente lhe respondeu e a informação não foi nada animadora. Para poder votar, na situação de isolamento, tinha de ter tido o seu teste positivo até ao dia 14 de janeiro. Depois desta data não há hipótese. Não vai poder exercer o seu direito de voto.

Agora pergunto eu: a máquina está montada para recolher o voto de quem está confinado, ou porque está infetado ou porque teve um contacto de risco e até já começou hoje a trabalhar. Então porque tem o motor de parar à porta dos que ficaram infetados depois do dia 14 deste mês? Sabem quem são as pessoas que estão forçosamente confinadas, porque não recolhem os votos daquelas que mostram interesse em votar? Porque não podem estas equipas funcionar até ao dia da eleição?

Ora vejam lá os votos que vão ser perdidos e que engrossarão o número da abstenção? Sabem quantas pessoas oficialmente estão infetadas desde o dia 14? Aqui ficam os números: 15 de janeiro, 10698; 16 de janeiro, 10663; 17 de janeiro, 10385; 18 de janeiro, 6702; 19 de janeiro, 10445.  Só nestes cinco dias (de 15 a 19) ficaram infetadas 48893 pessoas. Se atribuirmos a cada uma destas pessoas dez contactos de risco, que tiveram de ficar em isolamento profilático, são 488930 votos que são perdidos. Depois somem todos os outros de 20 a 23 de janeiro e vão ver a enormidade dos números.

Mesmo assim, dizem-me que não é possível responder a todos estes casos? Agora têm de dar o vosso melhor. Têm de fazer com que as pessoas exerçam o seu direito de voto. Estamos nesta situação inusual desde março do ano passado, deviam ter preparado esta eleição convenientemente. É muita gente, dirão. Então pensem nos serviços de saúde que têm de atender a sua grande maioria. Já os ouviram dizer que metade deles não tem direito a tratamento?

Já nem a morte os assusta

Os portugueses parecem alheadas de uma doença que está a matar pessoas às centenas todos os dias. Como tanto mudou na perceção do perigo. Há menos de um ano, quando ocorriam duas os três mortes soavam todos os alarmes. Que mais terá de ser feito para que as regras sejam respeitadas.

Mais 150 mortos, mais 150 mortos, mais 150 mortos, mais 150 mortos, mais 150 mortos por Covid-19. O som destes números diários devia matraquear as consciências, tanto daqueles que infringem as regras como daqueles que as estabelecem.

O Primeiro-Ministro foi anunciando, aos poucos, que íamos entrar em confinamento (ia ouvir os partidos políticos, ia ouvir os cientistas e mais isto e mais aquilo…) e ontem decretou maior limitação à liberdade de movimentos das pessoas. Neste intervalo de tempo quantas pessoas mais terão sido infetadas pelo SarsCov2? Muitas já terão testado positivo. Enquanto isso, quantas assintomáticas terão andado por aí a espalhar o vírus. Senhor Primeiro-Ministro, senhor Presidente da República, senhores líderes partidários, estou furiosa com todos, já que todos concordaram em aligeirar as medidas restritivas na quadra natalícia. 

O Primeiro-Ministro, na comunicação de ontem, mostrou-se agastado com a indiferença que reina entre os portugueses em relação às mortes que têm ocorrido em Portugal. Neste campo, estamos de acordo, perdem-se 150 vidas todos os dias, quando, muitas delas, podiam e deviam ser poupadas. Enquanto a Comunicação Social vai contribuindo para a banalização, noticiando com tamanha ligeireza que até parece que as pessoas já nem querem saber.

É verdade. Estou furiosa com os políticos portugueses e com as pessoas que não cumprem as regras sanitárias. Ainda estou mais irritada porque já se começa a noticiar, de “raspão”, como ouvi ontem a ministra da Saúde dizer, no seguimento da reunião com os seus pares da União Europeia, que as vacinas que deviam chegar até ao fim do primeiro trimestre estão atrasadas. Isto fez-me lembrar a compra dos ventiladores, com exigência de pré-pagamento e que foram entregues como todos nos recordamos.

Menos restrições, mais mortes e as vacinas ali tão perto

A celebração do Natal, em família mais alargada, deu nisto, quando devíamos ser pacientes e muito cuidadosos nas nossas vidas diárias. É mesmo “morrer na praia”.

Nesta vaga, Portugal está à frente de muitos países europeus nos números de contagiados e de mortes por Covid-19. Olhemos para Espanha, para França, para Itália, para a Alemanha, para o Reino Unido e vejamos os milhões de habitantes e os números dos infetados e dos mortos. Se fizermos as devidas proporções concluiremos que os nossos números são maiores, francamente maiores. 

Já era sabido que o SarsCov2 aproveitava todas as aberturas às restrições de contatos para infetar as pessoas, mas os governantes tinham de dar o seu ar de bonzinhos. Deixaram celebrar o Natal em família mais alargada. Recomendaram que se ingerissem as refeições rapidamente longe uns dos outros e se colocassem as máscaras como se fossemos robôs.

Tanta generosidade deu nisto: mais infeções, mais doentes, mais internados, mais mortos e as vacinas ali tão perto. 

Uso obrigatório de máscara nos próximos setenta dias

Covid-19 – Portugal

https://dre.pt/application/file/a/146410264uso obrigatório de máscara

Não concorda com o uso de máscara em espaços públicos? Não vai usar?

Não tem medo da Covid-19?

Não quer saber dos riscos que outras pessoas possam correr se forem contagiadas pelo SarsCov2?

Então e as multas? Também não quer saber? Olhe que podem chegar aos quinhentos euros.

Mesmo assim, não se importa? Já percebi. Conta com a incapacidade de fiscalização das polícias.

Legislação: Lei n.o 62-A/2020 de 27 de outubro e Decreto-Lei n.º 28-B/2020, de 26 junho.

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