E assim se fez justiça

Com as devidas aspas vou contar uma das histórias de um belo livro que estou a ler.

É assim:

“No final do século XIX, Juan Pio Acosta vivia na fronteira uruguaia com o Brasil.

O seu trabalho obrigava-o a ir e vir, de povoação em povoação, através daquelas solidões.

Viajava numa carroça puxada a cavalos, com oito passageiros de primeira, segunda e terceira classe.

Juan Pio comprava sempre o bilhete de terceira, que era o mais barato.

Nunca compreendeu porque razão havia preços diferentes. Todos viajavam do mesmo modo, os que pagavam mais e os que pagavam menos: apertados uns contra os outros, comendo pó, sacudidos pelo incessante solavanco.

Nunca compreendeu porquê, até que num dia de inverno a carroça se atolou na lama. E então o capataz ordenou:

– Os da primeira classe ficam onde estão!

– Os da segunda descem!

– E os da terceira … empurram!

In Os Filhos dos Dias, de Eduardo Galeno, escritor uruguaio (1945 – 2015. A editora é a Antígona. Nota: o escritor, a esta história, deu o título: “dia da justiça social”.

Eles falavam mal do meu país e a minha raiva crescia, crescia

Palavras que mordem

Sentados à mesa do café, dentro de um centro comercial, em Lisboa, Portugal, com três chávenas de café vazias na mesa, sem máscaras, três brasileiros, dois homens e uma mulher, recriavam-se a falar mal do meu país. Eu ouvia-os e a minha raiva crescia.

Um dos homens, o que estava virado para mim monopolizava a conversa. Ele falava sobre a corrupção cá existente, enquanto os outros anuiam. Eu tive tanta vontade de me levantar e de lhes dizer que colocassem as máscaras, saíssem e fossem para bem longe, de preferência para fora do meu país. Não o fiz e estou mesmo arrependida.

Terminei o meu café, coloquei a máscara e ainda ouvi mais um pouco. Então percebi que eles estão cá porque, como dizia o speaker de serviço “a saúde e a segurança social são boas em Portugal”. Só faltou dizer, eu pelo menos não ouvi, que têm médico de família, coisa que não acontece comigo. E também não explicou como sabe que a Segurança Social é boa, possivelmente aproveita para receber uns subsídios sociais. 

O cretino falador acabou por dizer que isto aqui também era bom porque Espanha está logo ali e um pouco mais à frente está França, acrescentando que um dia destes foi de manhã em viagem a uma cidade italiana e ainda tinha voltado a tempo do jantar.

O meu país tem muitos defeitos. É verdade que a corrupção parece grassar como uma doença contagiosa, mas, que me desculpem os brasileiros amigos de Portugal, digam-me lá se o país daqueles homens e daquela mulher é o berço mundial dos santinhos e das pessoas honestas. Reparem que eu se estivesse acolhida no Brasil, nem isto diria. Porque vêm, então, para cá falar mal do meu país na minha cara? Ele é para mim como a minha família. Eu até posso não gostar de algumas atitudes, mas isso é comigo. Não venham pessoas de fora falar mal seja de quem for, porque eu isso não admito.

Imagem: Desobrigado

Jair Bolsonaro pôs máscara e disse estou Covid-19 positivo

ESTAVA ESCRITO NAS ESTRELAS

Já devem saber, mas deixem-me dizer também. O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, está infetado com o SarsCov2. O próprio anunciou e aproveitou para dizer que se sente bem.

A mudança parecia ter começado a operar-se. Ele deu a notícia aos jornalistas de máscara colocada. No fim lá veio o ar da sua graça. Deu uns passos atrás e mostrou-se.

Ele disse que vai continuar a trabalhar. Boris Johnson, o primeiro ministro britânico, também ia.

O Uruguai rodeado por gigantes

 

Agora que caminho no Uruguai, conto refrear a vontade de seguir a passos largos. Quero situar este país geograficamente, como é sempre o meu objetivo principal. Aqui vou  percorrer a cidade e as redondezas de Montevideu e muito mais!  Depois acelero o ritmo e recupero o tempo gasto a viver as belezas e o aconchego deste país.

Então estou no Uruguai. Já se sabe que há muito considero importantíssimo que se conheça a localização geográfica dos sítios que dão origem às notícias. Encantei-me com a América do Sul e vou continuar até onde o alento me levar. Isto eu já escrevi: estas viagens são ficcionais (por agora?).

Estavam adormecidas há algum tempo, mas hoje apeteceu-me passar para o país seguinte. Continuo na América do Sul. Já subi um pouco. Caminho de Sul para Norte. Cheguei ao Uruguai. Antes de mais vou centrar-me, como sempre, no meu objetivo principal que é o de situar o país geograficamente. Somente para relembrar e fixar o saber.

Encontro-me na fronteira, ao Sul, como sempre virada para Norte. À minha direita encontra-se o Oceano Atlântico. À minha esquerda a Argentina. À minha frente está o Brasil, que envolve o norte do Uruguai. O país é ladeado por este poderoso triunvirato: o Oceano Atlântico; a Argentina e o Brasil. Não creio que se sinta enclausurado. Mas encontro-o tão pequeno rodeado, assim, pelos gigantes.

Agora que está feita a localização geográfica do Uruguai, vou saber mais algumas informações sobre este país. Há tantas coisas interessantes para antever, mas tenho de ser restritiva. Vou cingir-me ao que não podemos deixar de saber. Então: a população do país ronda os 3,5 milhões e há uns 30 anos que se mantêm estável; 1,8 milhões dos habitantes vivem na capital, Montevideu; o Uruguai tem o maior Índice de Desenvolvimento Humano da América Latina (0,804, muito elevado, 2017);  a superfície é de 176 mil km2; é o segundo país mais pequeno da América do Sul, só o Suriname é menor; a moeda oficial é o peso uruguaio.

Já agora saibamos mais algumas informações interessantes: o futebol é importante e quando o país comemorou o centenário da sua constituição organizou e ganhou, em 1930, o primeiro mundial de futebol. A seleção é designada La Celeste. O seu estádio centenário é uma atração turística; As feiras de segunda mão são designadas por mercados das pulgas; o uso de sal nas mesas dos restaurantes é proibido e é curiosa a forma como ultrapassam a lei pendurando os recipientes com sal em sítio acessível aos clientes; a gastronomia faz-se à base de carnes de vaca e de cordeiro e os churrascos são uma tentação; Existem à volta de 10 milhões de vacas, que são essenciais na economia do país, mas começa a ser preocupante a poluição das águas pelos sistemas de abate de animais.

Antes de deixar este país quero passear pela rambla, essa imensa avenida na orla do rio da Prata. Deliciar-me com uma parrillada, experimentar um um vinho feito à base de espumante e vinho branco seco, saborear o chá-mate, uma infusão amarga, que os uruguaios adoram e costumam tomar em todo o lado. Não quero deixar o Uruguai sem visitar a cidade de Colónia do Sacramento (fundada por um português, no séc. XVII), património mundial pela UNESCO.

 

CONTINUA…

 

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