E assim se fez justiça

Com as devidas aspas vou contar uma das histórias de um belo livro que estou a ler.

É assim:

“No final do século XIX, Juan Pio Acosta vivia na fronteira uruguaia com o Brasil.

O seu trabalho obrigava-o a ir e vir, de povoação em povoação, através daquelas solidões.

Viajava numa carroça puxada a cavalos, com oito passageiros de primeira, segunda e terceira classe.

Juan Pio comprava sempre o bilhete de terceira, que era o mais barato.

Nunca compreendeu porque razão havia preços diferentes. Todos viajavam do mesmo modo, os que pagavam mais e os que pagavam menos: apertados uns contra os outros, comendo pó, sacudidos pelo incessante solavanco.

Nunca compreendeu porquê, até que num dia de inverno a carroça se atolou na lama. E então o capataz ordenou:

– Os da primeira classe ficam onde estão!

– Os da segunda descem!

– E os da terceira … empurram!

In Os Filhos dos Dias, de Eduardo Galeno, escritor uruguaio (1945 – 2015. A editora é a Antígona. Nota: o escritor, a esta história, deu o título: “dia da justiça social”.

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