Não há ginja na Ginjinha

Já era tarde quando as três senhoras se lembraram que não tinham almoçado e uma delas precisava mesmo de comidinha. Estava visto que não podiam adiar muito mais. As compras tinham mesmo de aguardar. Então elas entreolharam-se à espera de sugestões. Foi então que uma, um pouco a medo, sugeriu que tomassem uma refeição ligeira na Ginjinha, no Rossio. A sugestão foi aceite.

Não estavam longe, rapidamente chegaram. Sentaram-se e fizeram os pedidos. Bifanas, batatas fritas e arroz de legumes. Apressaram-se a almoçaram pois começava a fazer vento e estava muito frio. Vinha, então, mesmo a calhar, para fechar a refeição, uma ginja para cada uma. Fizeram sinal à empregada que lhes deu a má notícia, dizendo: “Ginja? Não temos”. As senhoras nem queriam acreditar. Uma delas ainda disse, “mas como é possível? Não há ginja?”.

Mas é possível. A Ginjinha não tem ginja.

Boas noticias

Encontrei-as na LUSA (Agência de Noticias de Portugal).

Os alunos do ensino superior público, no próximo ano, vão ter reforço dos apoios sociais.

Incêndio de Vale da Serra foi declarado extinto à 1:45.

Paulo Macedo (CGD) diz que é normal que os depósitos venham a ser remunerados.

A Rede Portuguesa de Arte Contemporânea vai contribuir de forma decisiva para a alteração da paisagem da arte contemporânea portuguesa (disse o diretor-geral das Artes). Será uma boa noticia?

Na próxima terça feira vai ser inaugurada, na Torre do Tombo, em Lisboa, uma mostra documental e bibliográfica de José Saramago, o Nobel da literatura português.

O Papa Francisco considerou que o internato de crianças índias no Canadá foi “um genocídio”. Uma boa noticia sobre acontecimentos medonhos.

Imagem: LUSA

Ganharam com a Covi-19?

Os carros grandes cresceram. As suas dimensões estão maiores. Em número não sei, mas que o seu tamanho afronta os pequeninos que se encolhem entre eles não tenho dúvidas.

Foi a doença destes quase dois anos? era a isto que se referia o secretário de Estado que foi à Europa dizer que Portugal ganhou com a pandemia?

Imagem: Desobrigado.com (estacionamento do Amoreiras Plaza, Lisboa, Portugal)

Eles falavam mal do meu país e a minha raiva crescia, crescia

Palavras que mordem

Sentados à mesa do café, dentro de um centro comercial, em Lisboa, Portugal, com três chávenas de café vazias na mesa, sem máscaras, três brasileiros, dois homens e uma mulher, recriavam-se a falar mal do meu país. Eu ouvia-os e a minha raiva crescia.

Um dos homens, o que estava virado para mim monopolizava a conversa. Ele falava sobre a corrupção cá existente, enquanto os outros anuiam. Eu tive tanta vontade de me levantar e de lhes dizer que colocassem as máscaras, saíssem e fossem para bem longe, de preferência para fora do meu país. Não o fiz e estou mesmo arrependida.

Terminei o meu café, coloquei a máscara e ainda ouvi mais um pouco. Então percebi que eles estão cá porque, como dizia o speaker de serviço “a saúde e a segurança social são boas em Portugal”. Só faltou dizer, eu pelo menos não ouvi, que têm médico de família, coisa que não acontece comigo. E também não explicou como sabe que a Segurança Social é boa, possivelmente aproveita para receber uns subsídios sociais. 

O cretino falador acabou por dizer que isto aqui também era bom porque Espanha está logo ali e um pouco mais à frente está França, acrescentando que um dia destes foi de manhã em viagem a uma cidade italiana e ainda tinha voltado a tempo do jantar.

O meu país tem muitos defeitos. É verdade que a corrupção parece grassar como uma doença contagiosa, mas, que me desculpem os brasileiros amigos de Portugal, digam-me lá se o país daqueles homens e daquela mulher é o berço mundial dos santinhos e das pessoas honestas. Reparem que eu se estivesse acolhida no Brasil, nem isto diria. Porque vêm, então, para cá falar mal do meu país na minha cara? Ele é para mim como a minha família. Eu até posso não gostar de algumas atitudes, mas isso é comigo. Não venham pessoas de fora falar mal seja de quem for, porque eu isso não admito.

Imagem: Desobrigado

Lisboa merece mais do que trocos

PORTUGAL

Este ano Portugal vai eleger os órgãos autárquicos. A Comissão Nacional de Eleições (CNE) na sua página da Internet indica a data setembro/outubro.

Os partidos políticos e os candidatos há muito tempo que se movimentam apresentando os homens e as mulheres (poucas) como cabeças-de-lista.

Em Lisboa começam a pendurar cartazes. O PSD à saída do viaduto Duarte Pacheco, a caminho das Amoreiras e do Campo de Ourique, mostrava o seu candidato. Vi-o lá e umas duas horas depois já tinha sido retirado. Talvez alguém tenha pensado, como eu, que a frase que acompanhava a fotografia do engenheiro podia dar argumentos para os criativos brincarem.

Eu até pensei, a partir daquele texto, que podia oferecer um slogan de campanha a quem estivesse interessado. A minha proposta é assim: “Porque havemos de querer moedas se podemos ter notas. Lisboa merece mais do que trocos”.

Usufruir de Lisboa é “um contentamento descontente”

AS PALAVRAS

Estamos sozinhos nesta nossa cidade. Nós ganhamos os outros perdem. 

Apetece dizer que Lisboa é nossa,  embora saiba que a frase fixa à superfície uma memória recôndita. Lembra uma lengalenga que alguns gostavam de repetir nos tempos idos. Não quero conotações dessas. Só quero que saibam que gosto de me sentir com espaço e entre portugueses. 

As políticas dos políticos inábeis tornaram-nos tão dependentes das gentes que vêm de fora que passear pelas ruas de Lisboa sem encontrões “é um contentamento desconte”. Mesmo assim, aproveitemos agora esta largueza. Mandemos a tristeza embora. Levantemos a cabeça e digamos aos de dentro que sejam inteligentes e honestos nos debates e nas notícias que vão espalhando pelo mundo.

Hoje a especulação e o empolamento dos acontecimentos são supérfluos e destrutivos. Estão desvalorizados os ganhos que muitos julgam obter em desfavor de uns e em favor de outros. Façam assim como quem diz “compre português “. Pelo menos por uma vez, vamos todos vestir a camisola de Portugal.

Hoje a noticia é assim:

Portugal tem 10,28 milhões de habitantes (2019 –Wikipédia). De entre eles, 47051 testaram positivo para o SarsCov2. Dos que testaram positivo, 15501 são infetados ativos, representando 0,16 em cada conjunto de 100000 pessoas. 31550 das que estiveram infetadas já recuperaram. (Fonte dos dados estatísticos Covid-19: Direção Geral da Saúde).

Era uma vez um menino que sobreviveu para ser feliz e para a sua mãe não carregar um peso maior sobre os ombros

COISAS TRISTES

Aqui, em Portugal, a ministra da Justiça visitou, na prisão, uma mãe sem-abrigo que abandonou o filho recém-nascido nos detritos da cidade de Lisboa. Esta mesma cidade que desabriga muitos dos seus, está, de vento em popa, no negócio do turismo. Vejam bem, que li, mas deve ser notícia falsa, que até a feira da Ladra está em vias de ser despejada.

Não pensem que estou a julgar o gesto de humanidade da ministra da Justiça. Eu saúdo-o e estou feliz por não estarmos em qualquer campanha eleitoral porque, se assim fosse, até eu diria que a disputa de votos a muito obriga, mas não é o caso e ainda bem.

Sobre aquela pobre mãe é-me doloroso falar e  não tenciono ajuizar o abandono do seu filho e o seu. Sempre que a via referida, nas televisões ou em redes sociais, só me ocorria dizer, de mim para mim, coitadinha. Isto porque imaginava, só imaginava, a vida que terá sido a dela e como vai sobreviver.

Ouvi, Manuela Eanes, dizer sobre esta jovem, que não devemos atirar pedras, mas todos nós temos vistos os pedregulhos que têm ido na sua direção.

O menino, felizmente, está de boa saúde. Oxalá o seu caminho se faça ao lado de quem, sabiamente, lhe conte a sua história.

Era uma vez um menino forte, mesmo muito forte, que sobreviveu para ser feliz e para a sua mãe não carregar um  peso maior sobre os ombros…

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