Desobrigado, isentado de obrigações, desonerado, mas que, mesmo assim, se obriga a ser sério e, por vezes pode sentir não estar desobrigado e, por isso, pode ir partilhando o que for de partilhar, sobre vivências, observações, leituras e outras informações. Embora possa considerar útil qualquer informação aqui publicada, lembre-se sempre que esta não substitui a consulta aos serviços competentes, conforme a matéria em causa.
Um juiz italiano visitou o navio da “Open Arms” e a bordo encontrou uma situação explosiva. Deve ter pensado: “O que posso fazer quando o Governo do meu país já bloqueou uma ordem judicial que determinava o desembarque dos migrantes neste navio humanitário?”
A solução foi encontrada e posta em prática. O Ministério Público italiano ordenou a apreensão do navio e o desembarque das pessoas.
Chegaram a terra 19 dias depois de terem sido salvas. Mostraram lágrimas e sorrisos.
Não sei se a senhora ministra se apresenta credível com uma risca rosa-choque no cabelo. Foi isto que pensei quando vi, Mariana Vieira da Silva, que apresentava medidas do programa Simplex do Governo, mas depois a mancha começou a escorregar, a espalhar-se…
Admito que estava errada, a cor fazia parte do visual gráfico da apresentação, também lá esteve uma secretária de Estado “pintada” de azul e a assistência decorada de várias cores. Estava bonita, pois, a apresentação.
As exposições dos ministérios costumavam fazer-se em textos compactos, iguaizinhos ao que o apresentador ia dizendo, até parecia que queriam fazer fugir a assistência, como se ela não fosse obrigada a manter-se ali a fazer de conta que estava a seguir tudo o que era dito, com um interesse sem fim.
Esta de tão perfeita que estava até podemos pensar que o visual, assim tão apelativo, se sobrepôs aos conteúdos. Não seria esse o objetivo, mas eu tive de apelar muito à minha memória para me recordar de algumas das medidas Simplex apresentadas. Sim, agora já me recordo: os acessos de proximidade para os emigrantes tratarem de documentos, o menor atraso nos cálculos das pensões, renovação automática do cartão de cidadão e mais…
… Mas a ministra até fica bem de cabelo pintado de rosa-choque, pode adotar, Mariana.
Ela disse: “Lá em casa não usamos mais louça descartável”. Mete os pés ao caminho e vai comprar pratos e tigelas verdadeiros. Começa bem. Vai haver um jantar grande lá em casa.
Entra numa grande superfície comercial. Dá meia volta e lá está, bem à vista, a louça em grandes caixas. Eles sabem aproveitar as novas preocupações das pessoas, pensa ela. Puxa um carro de compras. Está com muita pressa. Conta 30 pratos e 30 tigelas. Segue para as caixas de autopagamento.
Começa a registar. Passa o primeiro prato (são 30 do mesmo preço) procura o sinal de multiplicar. Não o encontra. Chama um funcionário que lhe diz: “Ah! Isso não é possível, tem de passar uma peça de cada vez”.
Ela tinha pressa? Teve de registar 30 pratos e, depois, 30 tigelas, um artigo de cada vez. A mão-de-obra para eles é cara. Multiplicar para registar artigos de igual valor é só para as operadoras da loja.
Que grande invenção esta senhores enfermeiros. Greve cirúrgica para cortar onde dói mais, na reposição da saúde das pessoas.
Todos sabemos que se as greves não prejudicam alguém não têm substância. Não produzem o efeito desejado. Também se sabe que a greve é um direito constitucional. Mas uma greve às cirurgias? Estrategicamente localizada? Não sentem, senhores enfermeiros, que estão a boicotar o direito das pessoas à saúde?
Eu sei que estão a ser seriamente lesados nos ordenados tanto o que decorre do exercício de funções no Serviço Nacional de Saúde (SNS) como para outras possíveis entidades. Pois greve é greve e a Lei institui a perda de vencimento. Ora veja-se o que diz a Lei: “A greve suspende, no que respeita aos trabalhadores que a ela aderirem, as relações emergentes do contrato, nomeadamente o direito à remuneração e, em consequência, desvincula-os dos deveres de subordinação e assiduidade (n.º 1 do artigo 398.º da Lei n.º 7/2009, na sua redação atual)”.
Ah! Sim, é verdade, alguns destes profissionais têm vindo a efetuar uma recolha de fundos para fazer face aos cortes dos vencimentos de quem está a fazer greve. Se assim é só o utente do SNS é prejudicado.
Encontraram uma forma transparente e legal? (a Lei prevê a perda de vencimento). Mas transparente é com certeza, pois sei que contam publicar a lista das pessoas/entidades beneméritas que ajudam à manutenção da greve. Até quando?
Já nem falo sobre o mal que os plásticos fazem ao planeta. Hoje concentro-me no dinheiro que atiramos ao lixo.
Toda a gente sabe que quando compramos frutas, legumes ou outros produtos a granel, pagamos os sacos de plástico leves ao preço do bem que estamos a comprar (e as outras embalagens? Nem quero pensar nelas).
Sei que o exemplo que vou dar tem um valor irrisório, mas mesmo assim quero contar-vos. Comprei duas limas que estavam ao preço de 2,99 € o quilo. Pesei-as sem saco e assim pagava 51 cêntimos. Depois meti as limas no saco, tornei a pesar, e passei a pagar 52 cêntimos. É pouco. É só mais um cêntimo. E se eu disser que um cêntimo é igual a dois escudos? Já não parece assim tão pouco.
Agora imaginemos que eu tinha comprado 100 gramas de pinhões portugueses que custam pelo menos 50€ cada quilo. Tinha de usar o mesmo saco. Está fora de hipótese não o usar para este produto. É só fazer as contas. Como o saco pesa duas gramas eu pagava cinco euros pelos pinhões e mais 10 cêntimos pelo saco. se passar os 10 cêntimos para a moeda antiga são 20 escudos.
Ainda não tinha feito estas contas. Agora sei que, além de fazer poluição, ando a arruinar-me com os sacos de plástico.
Futuramente vou fazer assim: coloco o produto na balança; introduzo o código; tiro a etiqueta; coloco os produtos dentro do saco e colo a etiqueta.
Claro que para o caso dos pinhões, ou similares, não funciona. Vou continuar a comprar sacos a 50€ o quilo. Mas grão-a-grão!