As flores da solidariedade

Era um terreno baldio, nas traseiras de um prédio de um bairro de Alhandra, onde vivem algumas das senhoras que ali fazem crescer um lindo jardim. Agora abundam roseiras, saudades, malmequeres, moitas de passarinho, ervas aromáticas e muito mais.

O chão barrento é muito pesado para os braços das mulheres, mas um dia uma fez uma cova e colocou lá uma poda de roseira e foi regando, regando e a planta pegou e cresceu. Um outro dia veio uma vizinha da primeira e trouxe outra poda e plantou, regou e mais uma roseira ali surgiu. De vez em quando aparecia mais uma vizinha, que se associava às primeiras. Trazia sementes que metia na terra e que logo germinavam. Foi assim que o jardim foi crescendo.

Mas as “jardineiras” tinham dificuldade em carregar a água para a rega. Tinham de a trazer de longe, de casa. Até que um dia surgiu, como que por magia, uma solução. Aquela é uma terra de gente solidária.

No bairro existem árvores e alguns plantas em canteiros que também precisam que cuidem delas. Quem se encarrega deste trabalho passou a esquecer-se, próximo do jardim das senhoras, de uma mangueira ligada a uma saída de água. Ficou ali, como que abandonada, e a água para a rega do jardim passou a estar mesmo à mão.

Imagem: Desobrigado

Em 74 candidatos há seis mulheres

Pontos de vista

Começam a ser feitas assim as listas do PSD às eleições autárquicas. 

Rui Rio leu hoje em Coimbra os nomes de cinco mulheres que serão candidatas à liderança de câmaras municipais. Entre 51 candidatos 10% são mulheres. Quando um jornalista lhe perguntou sobre o reduzido número de mulheres, Rio respondeu (cito de memória) que é muito difícil encontrar mulheres. Ele devia querer dizer mulheres competentes para cargos de topo, porque homens, tudo leva a crer, há por aí aos molhos e não lhes faltam competências, já elas têm de ser bem esmiuçadas para serem aceites. 

Depois de ver a conferência de imprensa, lembrei-me que já tinha ouvido noticiar outras candidaturas. Então fui confirmar na página da Internet do PSD e lá estava: A Comissão Política do PSD tinha homologado 23 candidaturas. Pesquisei aquela lista e saibam que entre 22 homens está uma mulher, o que equivale a 4 %.

Claro que o PSD vai dizer que a Lei da Paridade não se aplica aqui. Contará cumpri-la na ordenação das listas?

Os homens e as mulheres representados no Parlamento de Portugal. Qual paridade…

AS PALAVRAS EM PORTUGAL

Esta coisa da paridade entre homens e mulheres é um absurdo. Eu posso dizer isto, pois pertenço ao grupo que acredita que as melhores competências devem ser colocadas em lugares compatíveis e ponto final. Mas sei que quem tem o poder de decidir avalia outras nuances, como quem engravida, quem amamenta, quem leva os filhos ao médico e fica em casa quando eles estão doentes (mas aqui podem deixar-se enganar…).

Esta introdução serve para se ver que não me interessa se no Parlamento estão homens ou mulheres. Quero, sim, saber se representam capazmente as pessoas que os elegeram, mas os partidos políticos fizeram um grande alarido quando apresentaram as listas pelos respetivos círculos eleitorais e até apresentaram o trunfo da paridade entre homens e mulheres. Deixaram-me a pensar se assim seria.

Até ouvi uma declaração um pouco brejeira ao líder do PSD sobre o assunto. Dizia ele, cito de cor, as nossas listas têm tantos homens como mulheres e não é aquela coisa de homens por cima e mulheres por baixo, rematou com uma risada. Sim essa que nós todos já ouvimos.

Alguma coisa falhou. Contados os votos há mais 10% de lugares atribuídos a homens. Por lapso devem ter colocado, em algumas listas de alguns círculos eleitorais, os homens em primeiro lugar e, depois, só elegeram um… Não tiveram culpa… Vejam os gráficos que apresento abaixo.

 

 

 

 

As mulheres do Sudão. As “guerreiras”

AS MINHAS PESSOAS

 

Ali está, a verde no mapa de África, o Sudão. De Portugal àquele país, assim, vão uns 4555 quilómetros (a linha amarela sai de Portugal e termina no Sudão). A Líbia, o Egipto, a Eritreia, a Etiópia, o Sudão do Sul, o Chad têm fronteiras com o Sudão.

Localização do Sudão
Imagem: Wikipédia (edição Desobrigado)

Do Sudão, muitos homens partiram. Uns foram para a guerra e morreram. Outros emigraram. As mulheres ficaram e tornaram-se mais fortes, apesar de tantas castrações.

 

Em dezembro, o aumento do preço do pão levou as pessoas à rua. A luta evoluiu. A contestação cresceu e Omar al-Bashir, no poder há 30 anos, caiu.

As mulheres, há quem as chame de “guerreiras” têm dado um forte contributo para a mudança do regime. Agora o Conselho Militar governa o país. Mas elas e também eles vigiam.

 

 

 

 

 

 

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