AS MINHAS PESSOAS
Corria o dia de São Martinho, sem sol, igual ao anterior àquele em que o Santo dividiu a capa com o Mendigo. Um dia de São Martinho que foi assolado por chuva e ventania.
Até podíamos dizer que estava um dia de recolher as espécies e lançar a Arca ao mar. Com o céu a entornar água sem fim, o magusto foi transferido do campo para dentro de casa.
As notícias acompanhavam o estalar das castanhas e o escorrer da água-pé. Alguém começou a dar atenção às informações. Pediu um pouco de silêncio: “Escutem! Passa-se algo no nosso espaço aéreo. Há um avião em perigo! Esperem, parece que vai amarar no Tejo. Não, agora começou a ser escoltado por dois caças da Força Aérea que vão tentar fazê-lo aterrar em segurança”.
Estava tudo bem. Deixámos a televisão e voltámos às castanhas e a tudo o mais. Quando as notícias se impuseram outra vez, a aterragem tinha sido um êxito, mesmo que à terceira tentativa. Os pilotos dos F16 conduziram o avião com mestria, saudaram os tripulantes do Astana. Inverteram o voo e voltaram à sua Base.
Eficiência total no desempenho da missão. Dois dias depois, aqueles dois homens falaram para um canal de televisão. Atenciosos, com sorrisos no rosto e, obviamente, felizes contaram o que fizeram.
Então e agora Sr. Presidente? Esteve atento? É verdade, tem tantas solicitações. Mas com todos os olhos aí do Palácio, está bem informado os pilotos da Força Aérea não vão ser esquecidos. Quero medalhas para aqueles que levaram o avião desorientado até uma aterragem milagrosa.

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