Deu-se reviravolta. Esperemos pela cambalhota. Deve ter sido fácil ampliar as “pequenas” xenofobias e montar umas quantas frases sonantes para gritar nas televisões e nas redes sociais.
Na noite eleitoral de domingo, enquanto ouvia os resultados pensava: “já não há alentejanos no Alentejo”. Dois dias depois queria manter esse pensamento, mas sei que não é verdade. Os alentejanos continuam na sua terra e são os mesmos que há décadas votavam em sentido contrário.
Houve quem andasse por lá, como terá feito um pouco por todo o País, a ouvir as conversas das pessoas simples. A escutar os seus anseios e as suas mágoas. Deve-lhe ter sido fácil ampliar as “pequenas” xenofobias e montar umas quantas frases sonantes para gritar nas televisões e nas redes sociais e enganar as pessoas de bem. Deu-se a reviravolta. Esperemos pela cambalhota.
Ampliaram o descontentamento e a indignação dos que trabalharam duramente desde crianças e agora, reformados, recebem os valores mais mínimos dos mínimos. Mesmo assim, muitos destes ainda somam uns complementos socias.
Ora vejamos: quem grita o que os mais pobres gostam de ouvir, se viesse a ser governo, as pensões mínimas das mínimas ainda seriam muito mais reduzidas. Então os alentejanos só ouviram aquilo de que gostavam e não perceberam que votaram em quem é contra a atribuição de uma parte das suas pensões? Sim, porque, para eles, a gritaria foi feita contra os subsídios, como se estes só fossem atribuídos aos alvos da sua xenofobia.
Os que lá viveram e os que ainda lá permanecem sabem, que aqueles que chegavam, ficavam uns dias e partiam, sempre foram “pedras nos sapatos dos alentejanos”. Era hábito dizer-se que quando passavam “havia sempre alguma coisa que se lhes agarrava às mãos”. Isto é ancestral, vem das calendas. Isto entranhou-se.
Agora a Segurança Social acode-lhes. Acrescenta-lhes os rendimentos e os que vivem de míseras reformas olham para o lado e sentem-se injustiçados.
Imagem: Desobrigado.com
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