Ignorando ou confundindo os eleitores?

PORTUGAL

O desconhecimento das regras da democracia continua na praça pública.

Compreendo o que sentem os médicos de Saúde Pública quando se mostram descontentes com a recomendação para que os confinados, infetados pelo SarsCov2 e os seus contatos, possam exercer o seu direito de voto no próximo dia 30, quando eles cumprem as normas da República e mandam aquelas pessoas para confinamento. Dizem que vão perder autoridade. Devem ter razão. Já o alarido de alguns políticos soa, no mínimo, a falta de informação.

Ora veja-se o PSD, o PAN e o CHEGA, pelo menos estes três partidos, que pedem o desdobramento das mesas de voto, para que os eleitores em confinamento não se cruzem com os restantes cidadãos. Assim, para eles, o problema estava resolvido. Mas como? se os cadernos eleitorais não são desmaterializados. Estão em suporte de papel e foram fechados em tempo oportuno para a organização do ato eleitoral.

Mesmo que o fecho acontecesse mais tarde não resolvia o problema, porque é impossível prever quem vai estar confinado no dia das eleições. Não era possível fazer cadernos eleitorais só para cidadãos em confinamento.

Claro que tecnicamente os cadernos eleitorais podiam ser duplicados, o que seria necessário para pôr em prática a solução “aventada”. Mas quem advoga o “desdobramento” das mesas de voto pode garantir que não havia duplicação de votos? Não se correria o risco de ter resultados fraudulentos pela primeira vez no Portugal democrático? Pelo sim pelo não deixe-se cumprir a Lei Eleitoral.

Estão a ver porque não se podem desdobrar as mesas eleitorais? Sabem? Então se sabem porque fazem tanto alarido? Porque azucrinam os ouvidos dos portugueses? Querem uma abstenção ainda maior? Fizeram as contas e gostaram dos resultados? Alguns até podem ter razão.

Os políticos, que agora mostram como sabem tão pouco sobre as normas eleitorais, até se esquecem que são deputados da República e, portanto, a alteração à Lei Eleitoral estive ao seu alcance e não consta que tenham feito qualquer proposta nesse sentido.

Assim, o desconhecimento das regras da democracia continua na praça pública, lançando dúvidas se a cegueira pelo voto pode ser responsável por confundir os eleitores.

(parlamento.pt/Legislacao/Documents/Legislacao_Anotada/LeiEleitoralAR_Anotada.pdf) Aceda aqui à Lei Eleitoral.

Barco de pesca versus navio cruzeiro

Portugal

Um navio cruzeiro com cerca de 4200 pessoas a bordo entrou no porto de Lisboa com 52 infectados pelo SarsCov2.

Acabo de ler na Lusa que as pessoas que testaram positivo para a Covid-19 foram colocadas de quarentena em hotéis da cidade. As restantes, mais de 4000, foram autorizadas a sair do navio.

Também li na Lusa que, em Viana do Castelo, no dia 30 de dezembro os pescadores, que faziam quarentena desde o dia 19, foram autorizados a sair do barco, depois de testarem negativo para a Covid-19.

Mais palavras para quê?

Negativo? Não. Não detetável é o termo usado

Caso alguém, como eu, não esteja corretamente informado.

Se fez um teste para saber se está, ou não, infetado com o SarsCov2 não espere encontrar no relatório a palavra NEGATIVO. É verdade que é este o termo que ouvimos constantemente quando nos informam como podemos ultrapassar algumas restrições impostas para prevenir os contágios.

Um dia destes fui fazer um teste ao SarsCov2. Queria ir visitar uma amiga que só pode receber quem apresente um resultado NEGATIVO, para além de fazer a prova da vacinação completa.

Quando recebi o relatório por e-mail, tal como tinha pedido, embora não me sentisse doente, tive um sobressalto, pois não encontrei a informação que tanto queria. A palavra NEGATIVO não estava lá. E não estava, soube mais tarde por alguém que domina esta matéria, porque os técnicos não podem responsabilizar-se escrevendo que o resultado é NEGATIVO. Por isso a palavra, ou melhor dizendo, as palavras NÃO DETECTÁVEL substituem a palaVra NEGATIVO.

Imagem: SNS (Portugal)

Ânsia de mandar?

Sr. Presidente da República, as suas presidências deviam estar a ser um passeio por caminhos rodeados de árvores frondosas e de água a deslizar de cascatas – com viagens, condecorações de agradecimento pelas conquistas para o país, muitas selfies com gente risonha, mergulhos em mar aberto e em albufeiras de água doce. Em vez disso, transformaram-se numa maratona corrida em estradas repletas de escolhos. Eu até lhe diria que tem percorrido, com os portugueses, o caminho das pedras.

Hoje já nem tanto, mas houve tempo em que o seu rosto expressava o seu sofrimento e, por conseguinte, o de todos os cidadãos portugueses. O SARSCov-2 fez adoecer até quem não chegou a ficar infetado.

Foi então que, sem mais quê nem porque não, o Sr. Presidente da República resolveu mostrar-nos aquele seu outro lado, desconhecido de muitos de nós. Fez um rombo naquela sua imagem cativante. Agora vai tentando corrigir o buraco redondo cosendo-lhe um remendo quadrado. Tem feito algumas tentativas como foi aquela quando recebeu a seleção portuguesa de futebol, que tinha sido arredada do Euro 2020, dizendo que também já esteve mal na política. Pareceu-me que, mais uma vez, estava a querer editar e corrigir aquela brecha. Mas o que estava dito estava dito. O Presidente quase jurara a pés juntos que no que de si dependesse as medidas de restrição contra a Covid-19 não seriam repostas. O que ecoou nos ouvidos de muitos portugueses como um grito ofensivo.

Veja que as pessoas, possivelmente entendendo mal, baixaram a guarda.Os números de infetados e de internados com doença grave têm crescido todos os dias. Muitas pessoas continuam a sofrer. Muitas vidas continuam a ser perdidas.

Ontem, a Lusa noticiou que a ministra da saúde, Marta Temido, disse que o Governo tem projeções que apontam para mais de 4000 infeções diárias nas próximas semanas. Hoje, já há notícia de mais 3285 nivos casos de infeção pelo SARSCov2. O que diz a isto Sr. Presidente da República?

Imagem: página oficial da Presidência da República

Delta alastra e Alemanha alivia

Ora aí está a noticia. A variante Delta  do SarsCov2 começa a alastrar na Alemanha. Agora este país pondera aliviar as regras apertadas em relação a Portugal. O que quer dizer que está disponível para nos oferecer mais contágios.

Veja mais informações aqui: https://www.lusa.pt/international/article/2021-07-01/33827171/covid-19-berlim-admite-rever-posição-sobre-portugal-face-progressão-da-variante-delta-na-alemanha

Já nem a morte os assusta

Os portugueses parecem alheadas de uma doença que está a matar pessoas às centenas todos os dias. Como tanto mudou na perceção do perigo. Há menos de um ano, quando ocorriam duas os três mortes soavam todos os alarmes. Que mais terá de ser feito para que as regras sejam respeitadas.

Mais 150 mortos, mais 150 mortos, mais 150 mortos, mais 150 mortos, mais 150 mortos por Covid-19. O som destes números diários devia matraquear as consciências, tanto daqueles que infringem as regras como daqueles que as estabelecem.

O Primeiro-Ministro foi anunciando, aos poucos, que íamos entrar em confinamento (ia ouvir os partidos políticos, ia ouvir os cientistas e mais isto e mais aquilo…) e ontem decretou maior limitação à liberdade de movimentos das pessoas. Neste intervalo de tempo quantas pessoas mais terão sido infetadas pelo SarsCov2? Muitas já terão testado positivo. Enquanto isso, quantas assintomáticas terão andado por aí a espalhar o vírus. Senhor Primeiro-Ministro, senhor Presidente da República, senhores líderes partidários, estou furiosa com todos, já que todos concordaram em aligeirar as medidas restritivas na quadra natalícia. 

O Primeiro-Ministro, na comunicação de ontem, mostrou-se agastado com a indiferença que reina entre os portugueses em relação às mortes que têm ocorrido em Portugal. Neste campo, estamos de acordo, perdem-se 150 vidas todos os dias, quando, muitas delas, podiam e deviam ser poupadas. Enquanto a Comunicação Social vai contribuindo para a banalização, noticiando com tamanha ligeireza que até parece que as pessoas já nem querem saber.

É verdade. Estou furiosa com os políticos portugueses e com as pessoas que não cumprem as regras sanitárias. Ainda estou mais irritada porque já se começa a noticiar, de “raspão”, como ouvi ontem a ministra da Saúde dizer, no seguimento da reunião com os seus pares da União Europeia, que as vacinas que deviam chegar até ao fim do primeiro trimestre estão atrasadas. Isto fez-me lembrar a compra dos ventiladores, com exigência de pré-pagamento e que foram entregues como todos nos recordamos.

Menos restrições, mais mortes e as vacinas ali tão perto

A celebração do Natal, em família mais alargada, deu nisto, quando devíamos ser pacientes e muito cuidadosos nas nossas vidas diárias. É mesmo “morrer na praia”.

Nesta vaga, Portugal está à frente de muitos países europeus nos números de contagiados e de mortes por Covid-19. Olhemos para Espanha, para França, para Itália, para a Alemanha, para o Reino Unido e vejamos os milhões de habitantes e os números dos infetados e dos mortos. Se fizermos as devidas proporções concluiremos que os nossos números são maiores, francamente maiores. 

Já era sabido que o SarsCov2 aproveitava todas as aberturas às restrições de contatos para infetar as pessoas, mas os governantes tinham de dar o seu ar de bonzinhos. Deixaram celebrar o Natal em família mais alargada. Recomendaram que se ingerissem as refeições rapidamente longe uns dos outros e se colocassem as máscaras como se fossemos robôs.

Tanta generosidade deu nisto: mais infeções, mais doentes, mais internados, mais mortos e as vacinas ali tão perto. 

Ajundando a manter a fé nos portugueses

ENSINAMENTOS

O Natal está mesmo a bater à porta, mas eu vou dizer-lhe que tenho muita pena de este ano não o receber cá em casa. Peço-lhe que apareça lá para dezembro de 2021, se o SarsCov2 tiver sido derrotado. 

O vírus até parece saber que as empresas farmacêuticas estão a ser ágeis na criação das vacinas e que rapidamente as autoridades competentes estão a aprovar os medicamentos. Enquanto isso acontece, ele está a mutar-se e a capacitar-se para contagiar mais rapidamente. O Reino Unido já identificou uma mutação 70% mais contagiosa. Muitos outros países já estão a dificultar a entrada de cidadãos de lá regressados, mas, alguns deles, já admitiram que a alteração pode já circular entre as suas populações.

Portugal, como não podia deixar de ser, só deixa entrar portugueses ou cidadãos britânicos cá residentes e se tiverem testes de despistagem da Covid-19 negativos. No entanto, quem está em Portugal, neste Natal, pode deslocar-se por todo o país. As autoridades só apelam à boa consciência das pessoas. As restrições retornarão na passagem de ano.

Os governantes não querem obrigar os portugueses a afastarem-se uns dos outros no Natal. Eu não concordo. É verdade que todos parecemos ser especialistas em saúde pública. Eu também já vou sabendo mais um pouco sobre este novo Coronavírus e quando ouço os cientistas estou sempre muito atenta. Foi assim que ouvi, um dia destes, Henrique Oliveira, matemático e professor no Instituto Superior Técnico, dizer (na SIC notícias) que, se festejarmos o Natal, como as autoridades políticas permitem, vamos ter mais de 800 a 1500 mortos (além daqueles que aconteceriam se não houvesse medidas menos restritivas) tendo acrescentado que as projeções que tem feito, sobre a pandemia, têm estado sempre certas. Ouvindo isto, podíamos meter o travão ou até a marcha atrás, mas não, vamos arriscar, tendo fé de que as pessoas, não estando proibidas, cumprirão todas as regras de segurança que lhes são aconselhadas. 

O Natal está mesmo a bater à porta, mas eu vou dizer-lhe que tenho muita pena de este ano não o receber cá em casa. Peço-lhe que apareça lá para dezembro de 2021, se o SarsCov2 tiver sido derrotado. Eu costumo celebrá-lo com, pelo menos, mais vinte pessoas, este ano vou fazer de conta que estou feliz.

Por este andar, os profissionais de saúde farão escolhas difíceis

QUERER É PODER

Salvo os cretinos, que vivem à conta da imunidade adquirida pelos outros, todos devíamos cumprir as regras determinadas pelas autoridades de saúde. Ontem, noventa e uma pessoas perderam a vida, em Portugal, infectadas pelo SarsCov2. Ah! eu sei que muitos acreditam que a doença só é grave para os mais velhos, mas já vai sendo tempo de perderem essa ilusão.

Quem não acredita ou simplesmente não se importa de ficar infetado pensando que, no seu caso, não haverá consequências, leia este estudo (Coverscan), de cientistas britânicos, que elenca as consequências da doença Covid-19. Este refere, nomeadamente, que quem contrai a doença fica sempre com algum dano e que, desses, a 25% afeta-lhes um ou mais órgãos.

Já ouvi, de tantos profissionais da área da saúde, que a redução do número de infetados pelo SarsCov2 está nas mãos de cada um de nós. As infeções, no nosso país, aumentam assustadoramente. As camas de cuidados intensivos estão à beira da ocupação total. Proximamente os profissionais de saúde têm de começar a fazer escolhas difíceis. Mas se o alívio nos hospitais está dependente das nossas atitudes, porque deixamos crescer o número dos que sofrem e dos que morrem? Parece ser porque as pessoas simplesmente não querem saber. Então, por isso, apetece-me enunciar e responder a uma questão.

Se os cientistas descobrissem que para as pessoas não sofrerem de algumas doenças que levam a grande sofrimento e à morte (cancro, por exemplo) bastava que, durante uns doze meses, todas as pessoas usassem máscara, higienizassem as mãos e mantivessem algum afastamento umas das outras, haveria quem não acatasse e não respeitasse as medidas aconselhadas? Sinceramente acredito que nem pestanejavam. Aderiam rapidamente a todas as medidas. Não haveria quem pensasse sequer em furar as determinações das autoridades. Salvo os cretinos, mas esses vivem à conta da imunidade adquirida pelos outros. 

Ora vejam então, sabendo-se como se sabe que se pode pôr uma barreira, quase intransponível, entre as pessoas e o SarsCov2, porque não se respeitam as regras determinadas pelas autoridades de saúde?  Respondem-me que esta doença não é assim tão grave? então ainda não viram imagens de pessoas internadas em cuidados intensivos? ainda não ouviram falar quem lá esteve e recuperou?

Uso obrigatório de máscara nos próximos setenta dias

Covid-19 – Portugal

https://dre.pt/application/file/a/146410264uso obrigatório de máscara

Não concorda com o uso de máscara em espaços públicos? Não vai usar?

Não tem medo da Covid-19?

Não quer saber dos riscos que outras pessoas possam correr se forem contagiadas pelo SarsCov2?

Então e as multas? Também não quer saber? Olhe que podem chegar aos quinhentos euros.

Mesmo assim, não se importa? Já percebi. Conta com a incapacidade de fiscalização das polícias.

Legislação: Lei n.o 62-A/2020 de 27 de outubro e Decreto-Lei n.º 28-B/2020, de 26 junho.

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