Sr. Presidente da República, as suas presidências deviam estar a ser um passeio por caminhos rodeados de árvores frondosas e de água a deslizar de cascatas – com viagens, condecorações de agradecimento pelas conquistas para o país, muitas selfies com gente risonha, mergulhos em mar aberto e em albufeiras de água doce. Em vez disso, transformaram-se numa maratona corrida em estradas repletas de escolhos. Eu até lhe diria que tem percorrido, com os portugueses, o caminho das pedras.
Hoje já nem tanto, mas houve tempo em que o seu rosto expressava o seu sofrimento e, por conseguinte, o de todos os cidadãos portugueses. O SARSCov-2 fez adoecer até quem não chegou a ficar infetado.
Foi então que, sem mais quê nem porque não, o Sr. Presidente da República resolveu mostrar-nos aquele seu outro lado, desconhecido de muitos de nós. Fez um rombo naquela sua imagem cativante. Agora vai tentando corrigir o buraco redondo cosendo-lhe um remendo quadrado. Tem feito algumas tentativas como foi aquela quando recebeu a seleção portuguesa de futebol, que tinha sido arredada do Euro 2020, dizendo que também já esteve mal na política. Pareceu-me que, mais uma vez, estava a querer editar e corrigir aquela brecha. Mas o que estava dito estava dito. O Presidente quase jurara a pés juntos que no que de si dependesse as medidas de restrição contra a Covid-19 não seriam repostas. O que ecoou nos ouvidos de muitos portugueses como um grito ofensivo.
Veja que as pessoas, possivelmente entendendo mal, baixaram a guarda.Os números de infetados e de internados com doença grave têm crescido todos os dias. Muitas pessoas continuam a sofrer. Muitas vidas continuam a ser perdidas.
Ontem, a Lusa noticiou que a ministra da saúde, Marta Temido, disse que o Governo tem projeções que apontam para mais de 4000 infeções diárias nas próximas semanas. Hoje, já há notícia de mais 3285 nivos casos de infeção pelo SARSCov2. O que diz a isto Sr. Presidente da República?

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