A quinta do meu desconfinamento é um perigo para os incautos

PORTUGAL

Tinha de haver um senão a habitar aquele belo espaço. Não me digam que estou a ser ingrata. Eu até ponderei bem a ideia de publicar este texto, principalmente esta última parte, mas os poços destapados e o enorme tanque de rega são um perigo.

Quando aquele vírus fez adoecer meio mundo e também Portugal, as autoridades de saúde disseram para ficarmos todos em casa, não consegui encontrar escapatória e resignei-me. Foi então que o Primeiro-Ministro mostrou o seu lado sensível ou pôs em prática o seu saber fazer política e declarou que as pessoas podiam sair para fazer um passeio diariamente. Então a reclusão perdeu-me durante umas horas. Espero que António Costa tinha sido recebedor do obrigada que lhe enviei de cada vez que coloquei os pés na rua.

A abertura para o arejamento e para esticar as pernas estava instituída, mas faltava saber por onde caminhar sem ajuntamentos. Ainda não havia máscaras disponíveis no mercado e o medo era muito, mas a casa estava a ficar todos os dias um pouco mais pequena. Tinha de aproveitar a benesse. Então recordei-me de uma quinta verdejante para onde eu costumava olhar e seguir em frente. 

Pensei que era uma boa oportunidade para ir conhecer aquele espaço. Descobri deste modo a Quinta Nova de Queluz. Foi uma agradável surpresa. É bastante extensa. Cheia de árvores, arbustos e plantas mais pequenas. Tudo era verde e florido naqueles dias.

Fiquei deveras agradada e lá passei a encontrar-me com os caminhos e o verde das árvores diariamente, fugindo da monotonia e do SarsCov2 (hoje sei que, naquele tempo, lhe escapei) aproveitei a humanidade do Primeiro-Ministro e lá fui conhecendo a quinta.

Mas vejam lá que tinha de haver um senão. Nos primeiros passeios percorri estradas e veredas. Aos poucos fui tentando descobrir que árvores, que arbustos, que ervas rasteiras floridas eram aqueles que proporcionavam uma frescura repousante. Fui dando atenção a algumas construções do tempo em que a quinta fornecia legumes e frutas ao Palácio. 

À medida que me afoitava pelos recantos onde as árvores e o mato eram mais densos fui sendo surpreendida por mais algumas construções de gargalos de pedra a assomar por entre a verdura, já tinha visto umas à beira das estradas. 

À medida que me aproximava descobri que aquelas construções eram poços, alguns bem fundos. Não me parece que tenham água (testei atirando pequenas pedras lá para dentro e não me respondeu qualquer rumorejo), mas parecem-me muito perigosos para crianças e mesmo para adultos incautos.

Contei quatro daquelas construções. Duas estão à beira de caminhos e outras duas escondidas no meio do arvoredo, ladeadas de veredas por onde as pessoas passam. Parecem-me um perigo ali destapadas, tal como o enorme tanque de rega cheio de água, que fica mesmo ao lado da estrada mais larga da quinta.

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